São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Radialistas faturam votos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O rádio costuma fabricar campeões de voto. Os chamados "comunicadores populares" que se aventuraram na política tiveram em seus programas a garantia de eleições bem sucedidas.
A ex-repórter de TV e apresentadora de rádio Cidinha Campos (PDT-RJ) se elegeu deputada federal em 1990 com 304,5 mil votos, a maior votação do Estado.
O radialista Afanásio Jazadji (PFL), recebeu 153.356 votos e chegou em primeiro lugar na eleição para a Assembléia Legislativa de São Paulo.
O campeão de votos da Câmara Municipal de São Paulo, Nello Rodolfo (PMDB), também é ligado ao rádio.
Eleito com 40.167 votos, Rodolfo era repórter do "Show do Paulo Lopes", programa de maior audiência em São Paulo, com cerca de 600 mil ouvintes por minuto.
Hoje, o vereador participa do programa de Eli Correia, segundo colocado em audiência, com 438.544 ouvintes por minuto, segundo o Ibope.
"O Paulo Lopes me ajudou bastante", diz Rodolfo. Ajudou também o prefeito Paulo Maluf (PPR), a quem apoiou abertamente.
A ligação entre rádio e política não é nova. Um dos pioneiros no assunto é Nicolau Tuma, que estreou no rádio em 1929 como locutor de jornais e repórter.
Depois, também ficou conhecido como locutor esportivo. Em 1947, ganhou sua primeira eleição. "Candidatei-me pela UDN (União Democrática Nacional) e fui o quarto vereador mais votado".
Tuma teve mais dois mandatos de vereador e três de deputado federal. Em 68, o governador Abreu Sodré o nomeou conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, cargo no qual se aposentou.
Gisela Swetlana Ortriwano, professora de rádio-jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da USP, atribui o sucesso eleitoral à frequente mitificação dos radialistas pelos ouvintes.
Segundo ela, o rádio permite que os ouvintes agreguem valores próprios à mensagem que recebem e criem heróis de acordo com suas expectativas.
Nello Rodolfo, por exemplo, afirma que, entre seus ouvintes, ele tem uma imagem completamente diferente da real.
Apesar de seus 34 anos, Rodolfo é imaginado por grande parte de seus espectadores como um ponderado senhor de cabelos brancos.
Os candidatos que não possuem programas no rádio tentam conseguir espaço nos horários de grande audiência.
Os programas de Paulo Lopes e Eli Correia estão entre os mais cobiçados. Dedicado basicamente às mulheres, o "Show do Paulo Lopes" tem uma hora de debates sobre temas políticos e comportamentais.
Por enquanto, dos candidatos à Presidência, apenas Orestes Quércia participou do "Show". A produção do programa diz que os outros candidatos foram convidados, mas não confirmaram a presença.(CT)

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