São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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O caminho dos preços

DEMIAN FIOCCA

Não será a simples troca de moeda o que pode segurar a inflação. No curto prazo o comportamento dos diferentes preços depende dos juros e das âncoras, ou seja, preços que estão fixos e que seguram os demais.
As principais âncoras do plano são o câmbio e os salários. Com o câmbio fixo, um produto cujo preço for aumentado em reais sofrerá a concorrência dos importados que, tendo o preço estável em dólares, ficará estável em reais. Os produtos que não podem ser importados serão tão menos afetados quanto mais distantes estiverem da concorrência externa.
Mas será a progressiva perda do poder de compra dos salários, provavelmente, a principal âncora da inflação. Com os salários sem correção, os preços irão subindo até que as pessoas passem a comprar menos.
Neste primeiro mês os produtos de primeira necessidade podem ter ainda uma fonte adicional de aumentos. Essa elevação estaria baseada no previsível ganho que os setores de mais baixa renda, sem acesso às aplicações financeiras, teriam com a queda da inflação.
De fato, o Datafolha constatou que os preços de uma cesta de 96 produtos subiram nos hipermercados 3,8%, em URV, nos últimos 10 dias, e a cesta com 23 produtos mais básicos subiu (pasmem!) 6,1%.

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