São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Jogador da Colômbia é assassinado a tiros

MATINAS SUZUKI JR.
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O zagueiro colombiano Andrés Escobar, que disputou a Copa do Mundo pela seleção de seu país, foi assassinado a tiros às 3h30 de ontem na cidade de Medellín, na Colômbia (240 quilômetros a noroeste da capital, Bogotá).
Segundo testemunhas, Escobar, 27, saía de um restaurante do subúrbio de Las Palmas quando levou os tiros. Ele foi levado em um táxi para um hospital de Medellín, mas não resistiu aos 12 disparos recebidos.
Ao deixar o restaurante, Escobar estava acompanhado de uma mulher. Ele começou a discutir com um grupo de três homens e uma mulher que se encontravam no estacionamento.
"Obrigado pelo gol contra", teria dito um dos agressores. Seguiu-se uma discussão e o jogador foi alvejado.
Escobar já chegou morto ao hospital. Os médicos disseram que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória.
Ainda segundo a polícia, os homens escaparam em dois jipes. Um deles, um Toyota Land Cruiser, foi encontrado, mas nenhum suspeito foi detido. A mulher que acompanhava Escobar não foi ferida.
Após a estréia da Colômbia no Mundial, quando o time foi derrotado pela Romênia por 3 a 1, as famílias do técnico Francisco Maturana e do lateral-direito Gabriel Gómez haviam sido ameaçadas de morte.
O porta-voz da polícia de Medellín disse acreditar que o assassinato de Escobar pode estar relacionado a essas ameaças, atribuídas aos cartéis que controlam o tráfico de drogas na Colômbia.
Xavier Hernandez, assessor de imprensa da seleção colombiana durante a Copa e radialista da Rádio Caracol, da Colômbia, disse que os colombianos ficaram "estupefatos e desconcertados" com a morte de Escobar.
"Ele era exemplar em seu comportamento na seleção. Era muito ligado à família, tanto que foi o único jogador colombiano a trazê-la para o Mundial."
Segundo Hernandez, Escobar chegou a pedir desculpas ao presidente da Federação Colombiana de Futebol, Juan José Bellini, pelo gol contra que marcou no jogo com os EUA.
Ao ser informado do crime, o governo colombiano tomou várias medidas para aumentar a segurança em Medellín e outras cidades.
Zonas de grande concentração populacional foram ocupadas por membros da polícia e do exército, enquanto agentes de organismos secretos do governo foram deslocados para as casas dos outros jogadores que atuaram na Copa.
Todos os jogadores do Atlético Nacional, onde Escobar jogava, e vários da seleção colombiana chegaram pela manhã a Medellín para velar o corpo do companheiro no anfiteatro municipal.
Durante a Copa, o técnico Maturana esteve a ponto de deixar os EUA e voltar para seu país, por causa das ameaças, mas foi convencido pelos dirigentes da Federação Colombiana de Futebol a permanecer com a delegação.
Contra os EUA, porém, o técnico não escalou Gómez –a quem as pessoas que fizeram as ameaças responsabilizaram pela derrota frente à Romênia–, substituindo-o por Hernán Gaviria.
Antes do Mundial, a Colômbia era considerada uma das favoritas a chegar à final da competição.

Colaborou Matinas Suzuki Jr., de Chicago.

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