São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Superprodução conta como nascem os bebês

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Peça: "Cegonha Avião... Mentira Não!"
Direção: Joaquim Goulart
Elenco: Anna Taglianetti e Ednaldo Eiras
Trilha sonora: José Miguel Wisnik
Onde: Tuca (r. Monte Alegre, 1.024, tel. 873-3422)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 4,00

Estreou ontem "Cegonha Avião... Mentira Não!", que pretende fazer as crianças entre dois e dez anos entenderem como nascem os bebês. Não há em cartaz peças com mensagens do gênero, e o espetáculo promete qualidade estética e de conteúdo.
A superprodução, com patrocínio do Banco Real, custou cerca de US$ 140 mil.
O enredo trata da vida de um casal (Anna Taglianetti e Ednaldo Eiras) que aguarda o nascimento de um filho e faz os preparativos habituais para recebê-lo.
A trama acontece em um ateliê de pintura. Enquanto esperam, os personagens mostram ao público as questões relativas ao amor, como carinho e beijo, ao parto, à gravidez e amamentação. O texto tem orientação da psicanalista Ana Clara Cenamo.
Os figurinos, de Niura Bellavinha, e os bonecos –alguns construídos em cena (de Ciro Pirondi, que também fez o cenário)– chamam a atenção. Somados ao trabalho dos atores, dão um tom de leveza e humor à peça.
"O espetáculo vai agradar, porque esse tema é eterno" afirma o diretor, Joaquim Goulart, que atuou em "Cegonha..." durante um ano em Paris (80 e 81), quando foi encenada pelo grupo de teatro educativo do diretor e ator francês Yves Vedrenne, autor do texto que ele adaptou. A peça foi montada no Brasil em 82 e 83.
Goulart trabalhou como ator com Antunes Filho ("A Hora e a Vez de Augusto Matraga", 1984) e integrou por quatro anos o grupo de Gerald Thomas, Ópera Seca.
Goulart pretende criar um teatro com repertório para crianças. Acha que a maioria dos grupos que faz teatro para crianças no Brasil "não tem preocupação voltada para a educação e faz teatro como uma maneira fácil de ganhar dinheiro".
A trilha sonora é asssinada por José Miguel Wisnik, que estréia na área infantil.
Wisnik é autor de outras trilhas, como a de "Pentesiléias", com direção de Bete Coelho, e "Mistérios Gozozos", de José Celso Martinez Correa, sobre texto de Oswald de Andrade, além de "As Boas" e de participação em "Hamlet".
Wisnik explica que recriou a trilha anterior. Quanto ao estilo, diz que "a idéia foi fazer música popular atual com informações da música clássica. Há referências a estilos musicais diversos. O tema de abertura lembra alguma coisa da linguagem dos prelúdios de Bach ou Chopin, por exemplo".
Wisnik quer ficar longe da música "infantilizada, do tipo circense". "Existe um estilo para crianças que, por um lado, tem a ver com a música circense, de sempre ter um ritmo, meio marcado, gaiato. Há timbres de sintetizador caricatos que parecem chicletes, usado em música para crianças. Fiz música que não supõe que criança tem que ouvir sons infantis."

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