São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Novo produto imobiliário anima mercado

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários do setor imobiliário estão animados com a criação de uma legislação específica que torne viável a construção de vilas.
Cláudio Bernardes, 40, sócio da incorporadora Ingaí, chega a afirmar que "o novo produto imobiliário irá revolucionar o mercado".
Bernardes, que também é vice-presidente do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis), diz que o projeto de lei sobre o tema cria um novo conceito.
"Está definido o conceito de condomínio para as vilas. Algo totalmente novo, sem comparação ao que existe hoje", diz.
Ele se refere à possibilidade de os projetos das novas vilas incluírem guaritas, salão de festas, piscina, subsolo e outras características comuns aos edifícios.
A adição desses equipamentos passa a ser possível, já que as ruas internas (e demais áreas comuns) serão particulares. Os proprietários terão frações ideais no conjunto.
A instalação dessa infra-estrutura também deve acarretar aos futuros moradores dessas vilas o ônus da conta de condomínio, como acontece nos apartamentos.
Muito do entusiasmo do setor em relação ao assunto se deve ao resultado de pesquisas encomendadas pelo Secovi, que mostram haver grande interesse por aquisição de casa, em vez de apartamento.
A subcategoria R3-03 (conjunto residencial-vila) pode ser aplicada em todas zonas de uso residencial.
Mas em lotes localizados em Z4, por exemplo, que permite construção de até quatro vezes a área do terreno, o projeto de uma vila renderia menor número de unidades que o de um prédio.
O mesmo aconteceria até em Z2 (onde pode-se construir até duas vezes a área do lote).
O que induz à conclusão que nesses locais os construtores continuem preferindo erguer prédios.
Ou que se a escolha recair sobre um projeto de vila, as casas tenham um preço mais alto que apartamentos do mesmo tamanho. Bernardes afirma que isso não irá necessariamente acontecer.
"Porque em Z2, por exemplo, perde-se um pouco no coeficiente de aproveitamento do terreno, mas ganha-se com um custo de construção mais baixo", diz.
Segundo ele, deve se considerar que fazer casas em vez de prédios elimina despesas altas, como a de elevadores, por exemplo.
"Mas os empresários terão que engatinhar nos estudos de racionalização para construção de pequenos conjuntos", afirma.
Hoje o principal esforço das empresas se concentra em aprimorar a tecnologia para fazer edifícios.
Embrião
Para Ricardo Moretti, 38, pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnólogicas), um ponto importante do projeto é o fato de viabilizar construções para pessoas de uma faixa de renda mais baixa.
"Enquanto em prédios o empreendedor precisa entregar as unidades prontas, na versão final, nas casas de vilas é possível entregar um 'embrião', para que o comprador faça a ampliação depois", diz.
Isso faria o preço para aquisição ser menor, sem limitar a possibilidade do proprietário ampliar sua casa no futuro, quando tiver condições financeiras para tanto.
Segundo Moretti, desde que as possibilidades de ampliação estejam previstas na planta aprovada, com o tempo o dono pode criar um segundo piso, por exemplo.
O vereador Maurício Faria (PT), autor do projeto de lei, acredita as alternativas para a construção de novas vilas são mais amplas.
"Um grupo de pessoas com uma boa assessoria técnica pode se organizar para fazer o conjunto, em vez de adquirir o imóvel através de construtoras", diz.
Segundo Faria, a opção vai baratear o custo. "E muitos conhecem a técnica de se fazer casas. O que já não acontece na construção de prédios." (Telma Figueiredo)

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