São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994 |
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Arafat visita campo de refugiados em Gaza
SÉRGIO MALBERGIER
Arafat deve visitar Jericó amanhã, onde chefiará o primeiro encontro da Conselho da Autoridade Palestina. O órgão de 24 membros vai administrar os assuntos da entidade palestina autônoma em Jericó (capital) e Gaza. "Nosso maior desafio é construir a nova autoridade palestina que vai nos levar à criação de um Estado palestino", disse Arafat. }Será que poderemos construir a Autoridade Nacional Palestina que vai conduzir a um Estado palestino tendo Jerusalém como capital?, perguntou Arafat à multidão em Jebália. Foi nesse campo que irrompeu em 1987 a Intifada, revolta da juventude palestina, com paus e pedras, contra a ocupação armada israelense. Ainda não está definida como será a viagem de Areafat de Gaza a Jericó, regiões separadas pelo território israelense. O acordo de paz entre Israel e OLP (Organização para a Libertação da Palestina) prevê que os membros da administração palestina poderão fazer a viagem por terra pelas estradas israelenses. Mas é improvável que Arafat aceite fazer amanhã parte de uma comitiva protegida por militares israelenses que seria alvo fácil de manifestantes israelenses contrários à paz. O mais provável é que Arafat faça a viagem de helicóptero sobrevoando território israelense ou mesmo que via Jordânia, cruzando a ponte Allenby, na fronteira com Israel e a poucos quilômetros de Jericó. Ontem, dia útil em Gaza, a população parecia feliz com a presença na cidade do líder da resistência palestina aos 27 anos de ocupação israelense. Não se viu cenas de histeria coletiva prevista por alguns analistas e membros da OLP. "Só o fato de Arafat estar aqui já nos faz feliz. Nós não queremos nada dele, só a sua presença", disse em entrevista à Folha o palestino Khaled Hassan. Diante do totalmente reformado Palestine Hotel, que está hospedando Arafat em um de seus 24 quartos, centenas de palestinos, guardas e jornalistas aguardavam a saída do líder palestino. Uma breve caminhada pelas ruas de Gaza causou um enorme empurra-empurra entre policiais e fotógrafos. "Precisamos fazer tudo para que o processo de paz avance", disse Arafat. Ele se reuniu com os principais membros do movimento pacifista israelense Paz Agora antes de seguir para Jebália. Não está definida a duração da visita de Arafat. Alguns assessores disseram que ele não volta mais a viver em Túnis (Tunísia), sede da OLP, e que seu retorno aos territórios palestinos é definitivo. Na quarta-feira, porém, Arafat já tem viagem marcada para a França, quando receberá um prêmio da Unesco junto com o premiê israelense, Yitzhak Rabin, e o chanceler Shimon Peres pelo acordo de paz Israel-OLP. As tropas israelenses devem se retirar de todos os centros povoados da Cisjordânia até o mês de agosto, disse ontem o líder da OLP. A retirada seria uma preparação para as eleições gerais e o início da autonomia palestina, marcado para 15 de outubro. Os palestinos devem eleger os membros do governo palestino das regiões autônomas. LEIA MAIS sobre o noticiário internacional no caderno Mundo, às páginas 3-1 a 3-4. Próximo Texto: BIOGRAFIA Índice |
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