São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Candidato diz que vai reprimir gays na Bahia

Programa prevê repressão ao candomblé

SUZANA PEREIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Na contramão da maré do "politicamente correto", o candidato do PRN ao governo da Bahia, Álvaro Martins, 52, evangélico, promete reprimir o homossexualismo e o candomblé se for eleito pelos baianos.
Entre as metas anunciadas, está a criação de centros de recuperação de gays e lésbicas, como o instalado recentemente no bairro da Bolandeira, em imóvel doado por ele.
Uma cerimônia como a realizada há dez dias no Sindicato dos Bancários, para o casamento de homossexuais, num eventual governo do PRN jamais se repetirá.
"Usarei o poder de polícia para reprimir", avisa Martins, que é vereador e na Câmara se notabilizou pela cruzada anti-gays.
A postura já lhe valeu alguns confrontos com o presidente do Grupo Gay da Bahia-GGB, o antropólogo Luiz Mott, a quem prefere chamar de "antropófago" (o que ou quem come carne humana, canibal).
Mott, um dos noivos do casamento homossexual, está no exterior em viagem de estudos.
O secretário do GGB, Elcio Teixeira, respondeu que "antropófago é quem, a exemplo das igrejas cristãs, incentiva o preconceito contra mulheres, negros e homossexuais".
Outra iniciativa do hipotético governo seria a criação de abatedouros públicos e a intensificação da fiscalização sanitária.
Martins diz que estudos científicos comprovam que o teor excessivo de hormônios na carne bovina leva à efeminação do homem.
O cientista Elsimar Coutinho, consultor da OMS (Organização Mundial de Saúde), esclarece que a tese não tem respaldo científico.
Segundo Coutinho, a presença de hormônio na carne comprovadamente diminui a fertilidade e o desejo sexual masculino, mas não provoca desejos homossexuais.
Se eleito, Martins pretende ainda proibir o funcionamento dos terreiros de candomblé durante a noite.

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