São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Frio provoca crescimento nos casos de meningite

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os casos de meningite meningocócica na Grande São Paulo subiram acima do esperado nos meses de maio e junho.
Apesar desse aumento ser comum no inverno, os números de 94 superam os valores dos anos anteriores.
Segundo Wagner Costa, diretor do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretária Estadual da Saúde, existe uma epidemia desde 1987.
Os números haviam diminuído a partir de 1990 mas esse ano voltaram a crescer.
A meningite meningocócica é causada por uma bactéria conhecida como meningococo.
"Ao contrário dos outros microorganismos que levam à meningite, o meningococo é o único com potencial de causar uma epidemia", diz Caio Rosenthal, infectologista do Hospital Emílio Ribas.
A meningite é uma inflamação das meninges (membranas que recobrem o sistema nervoso central) que se não for tratada a tempo pode levar a graves sequelas e até à morte.
A transmissão da doença é feita por via respiratória. Quando a pessoa fala ou tosse a bactéria é expelida para o meio ambiente.
Aglomeração e ambientes fechados (característicos do inverno) facilitam a propagação da doença.
A bactéria é inalada, ganha a corrente sanguínea e pode atingir as meninges.
Infecções das vias aéreas superiores (ouvido, nariz e garganta) –mais comuns no frio– também favorecem a passagem de bactérias para o sangue.
Os sintomas mais comuns da meningite são mal-estar, febre, dor de cabeça, aversão à luz, vômitos e rigidez de nuca.
Em crianças pequenas pode ficar difícil identificar os sintomas.
Os adultos podem ser portadores das bactérias sem adoecer. O problema é que eles passam a trasmitir o meningococo para as crianças.
Por essa razão é fundamental fazer a profilaxia (prevenção) com agentes químicos nos adultos que trabalham ou que são pais de crianças com meningite.
Durante uma fase de epidemia, toda suspeita deve ser checada diretamente pelo médico.
O diagnótico final é feito através da análise de uma pequena quantidade de líquor (líquido que protege o sistema nervoso central).
O líquor é retirado do organismo através de uma rápida punção (picada com uma agulha) na medula vertebral.
A rapidez no tratamento diminui sensivelmente as complicações. O doente deve ser internado em hospital e usar antibióticos.
O tratamento incorreto ou atrasado pode levar a surdez, cegueira, hidrocefalia, retardo mental e até à morte.
Outro motivo para essa rapidez é a interrupção da cadeia de transmissão do meningococo.
" Com 24 horas de tratamento, os antibióticos evitam que a pessoa elimine a bactéria em níveis infectantes", afirma Rosenthal.
Como não existe ainda vacina eficaz para a atual epidemia (leia texto abaixo) o controle depende do tratamento precoce e do uso de agentes químicos para prevenção nos contactantes diretos.

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