São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Crise deixa jovem perdido

GABRIEL BASTOS JUNIOR
DA REPORTAGEM LOCAL

"A falta de uma moeda forte é a prova de que um país está instável." O comentário não é de nenhum economista, mas da estudante de direito Adriana Tescari, 17.
Ela diz que pessoalmente não se sente incomodada pela troca de moeda, que ela tira de letra. "Eu até explico o plano para muita gente", diz.
Segundo Adriana, o problema é o que este troca-troca simboliza –a falência do país e a desvalorização do dinheiro nacional.
Para o psiquiatra Francisco Assumpção Jr., 42, da Faculdade de Medicina da USP, a mudança da moeda não atinge tanto os jovens, que têm maior capacidade de adaptação.
"A questão formal da mudança de dinheiro não afeta o jovem. O problema é que fica uma sensação de que tudo é descartável, de que nada tem valor ou significado", diz.
Adriana Reis, 17, acha que os brasileiros se adaptam rapidamente a cada novo plano, mas acha engraçado os turistas que não entendem nossas notas.
"Eu já fui criada com isto, cresci vendo planos econômicos", comenta. "Acho até que vou estranhar se o dinheiro não mudar mais de nome", brinca.
Francisco aponta para o perigo que este tipo de brincadeira representa. "Isto mostra o quanto o jovem está perdido, sem perspectivas", diz.
Para ele a crise não é apenas econômica, mas de credibilidade. "O dinheiro é um símbolo do país, da cultura, o nosso não simboliza nada."
"O que é péssimo para o jovem é esta sensação de que só vale o aqui e agora."(GBJ)

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