São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Braga discute patriotismo em ano de eleição

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Gilberto Braga está prometendo mais uma das suas. A nova novela da oito, "Pátria Minha", de sua autoria, estréia em 18 de julho, um dia depois do final da Copa do Mundo.
Os personagens da novela vivem o drama de precisarem deixar o Brasil que amam para poderem levar uma vida digna.
O tema, dessa vez, gira em torno do patriotismo e do nacionalismo. Num ano com Copa do Mundo e eleições presidenciais.
Braga parece ter essa capacidade de captar e passar para suas novelas o clima que o país está vivendo.
Às vésperas da anistia, escreveu "Dancin' Days", fazendo uma apologia da discoteca em clima de liberação. Em "Vale Tudo", assumiu uma indignação contra a corrupção no país. Em "Anos Dourados", trouxe de volta o saudosismo do brasileiro, e em "Anos Rebeldes", a revolta.
Em entrevista por fax à Folha, o autor de "Escrava Isaura" –que a Globo exportou para mais de 40 países– fala sobre o seu novo trabalho.

Folha - "Pátria Minha" é uma retomada do slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o?"
Gilberto Braga - Por que lembrar este slogan? Isola! É uma história de amor à pátria. Sobre o período militar já fizemos "Anos Rebeldes".
Folha - Sua novela é a primeira a enfocar o problema de sair ou não do país. É esse o grande drama do brasileiro hoje em dia?
Braga - O grande drama do brasileiro hoje em dia, que eu saiba, é comer. Eu, pessoalmente, um escritor privilegiado, já tive a chance de sair do Brasil para trabalhar lá fora. Escolhi ficar. A história tem um pouco disso.
Folha - Você se considera um cronista da realidade brasileira?
Braga - Eu não me considero nada. Me considero um escritor de novelas, um batalhador. Cronista disso ou daquilo os outros é que devem me considerar ou não.
Folha - Como surgiu "Pátria Minha"?
Braga - Eu estava fazendo história com os parceiros, em dezembro, bem no iniciozinho. Essa fase é um pouco feito análise de grupo.
Comecei a falar que estava sentindo o Brasil de forma diferente, comparado à gestação de "Vale Tudo". Eu estava mais otimista.
Leonor (Bassères, uma das autoras da novela), minha parceira há mais de dez anos, achou que sentia a mesma coisa.
Lembrei do poema do Vinicius de Moraes ("Pátria Minha"), que eu tinha estudado no colégio. Peguei o livro na estante, li em voz alta, e todos acharam que a temática da novela estava ali, o amor por esta nossa pátria, "tão pobrinha".

LEIA MAIS sobre Gilberto Braga à pág. 5-3

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