São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Arafat pede retirada da Cisjordânia

SÉRGIO MALBERGIER
ENVIADO ESPECIAL A GAZA

O presidente da OLP, Iasser Arafat, pediu ontem em Gaza que Israel retire suas tropas de toda a Cisjordânia até o final de agosto. Arafat disse também que o governo de Israel e a maioria dos israelenses que apóiam o processo de paz devem impedir que a oposição ameace a sua continuidade.
Arafat se referia às manifestações da direita em Jerusalém anteontem à noite e ontem, em que dezenas de milhares de israelesnses queimaram bonecos do líder palestino, quebraram lojas de propriedade palestina e entraram em choque com a polícia.
A manifestação talvez tenha provocado o adiamento para amanhã da viagem de Arafat de Gaza a Jericó (Cisjordânia). As regiões ganharam autonomia em maio com a retirada das tropas israelenses.
Nas manifestações em Jerusalém, 64 pessoas foram presas e dezenas (incluindo policiais) ficaram feridas nos choques entre as forças de segurança e os manifestantes contrários ao acordo de paz.
Políticos de direita e extrema-direita se revezaram no palanque para pedir o fim do processo de paz e atacar a presença de Arafat.
"Estamos aqui por três razões. Para proteger Jerusalém, a Galiléia (norte) e o Negev (sul)", disse Binyamin Netanyahu, líder do Likud, o maior partido da oposição.
Ele sugere que, além de reivindicar a capital, Arafat teria pretensões em relação a regiões de Israel habitadas por árabes.
Jornais israelenses estimaram em 100 mil o número de manifestantes anteontem à noite na praça central de Jerusalém.
Como em todos protestos contra o processo de paz em Israel, a maioria dos presentes era formada por religiosos e moradores das colônias judaicas nos territórios ocupados de Gaza e Cisjordânia.
Mas, se a oposição não está conseguindo mobilizar israelenses de centro e de centro-direita, conseguiu mostrar pelo menos que pode causar muito estrago quando Arafat resolver visitar Jerusalém.
Questionado sobre quando iria à cidade que os palestinos consideram capital de seu futuro Estado, ele disse: "Muito em breve".
O premiê israelense, Yitzhak Rabin, criticou ontem a oposição, dizendo que ela está "recorrendo ao terrorismo".
No encontro dominical do gabinete israelense, Rabin elogiou a forma com que Arafat está agindo desde o seu retorno aos territórios ocupados por Israel desde 1967.

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