São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Rebeldes atacam franceses em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tropas da Frente Patriótica Ruandesa (FPR) trocaram tiros ontem com soldados franceses que tentavam evacuar cerca de 270 órfãos e civis de Butare (sul do país).
Foi o primeiro combate travado pelos franceses, que entraram em Ruanda dia 23 como parte da Operação Turquesa, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a França, o objetivo da operação é proteger civis da violência que opõe as etnias hutu (majoritária, no poder), e tutsi (rebelde), em conflito há dois meses, com cerca 1 milhão de mortos.
A FPR lançou uma ofensiva em Butare assim que chegamos lá. Tivemos que bater em retirada, disse o coronel Didier Thibault, encarregado da evacuação.
Segundo ele, entre os cerca de 700 órfãos já evacuados havia tanto tutsis quanto hutus.
O coronel fazia parte de um comboio com 15 veículos, 55 soldados e 270 civis que deixou Butare rumo ao norte.
Fomos surpreendidos por uma emboscada da FPR, afirmou Thibault. Ele disse que não houve feridos do lado francês, mas que pode ter havido entre os rebeldes.
Apesar da declarada neutralidade da Operação Turquesa, os rebeldes tutsis qualificam os franceses de agressores, pois a França apoiava o antigo governo hutu.
A França busca apoio da ONU para criar uma vasta zona humanitária protegida, perto da fronterira com o vizinho Zaire.
Há cerca de 2.000 franceses acantonados no oeste de Ruanda e em bases no Zaire. Cerca de 100 mil refugiados acorreram à região.
A zona humanitária não deve se tornar um encrave hutu, afirmou um funcionário francês.
A área segura sob proteção francesa se estenderia de Cyangugu (sudoeste) até Kibuye (ao norte) e ao distrito de Gikongoro (a 25 km de Butare, alvo do ataque rebelde).
Segundo diplomatas franceses, essa área teria de ser defendida de qualquer infiltração militar.
Mas o mandato das tropas da França não permite que atirem se não forem atacadas primeiro.
Esse mandato reflete divisões internas no governo francês quanto ao alcance da missão.
Paris tem pela frente o desafio de conciliar pressões da opinião pública com seu desejo de encerrar a Operação Turquesa em julho, data marcada para seu término.

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