São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Mulher ainda procura o marido

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Vera Lúcia Gomes, 38, ainda procura seu marido, o portuário João Gomes, que desapareceu do São Marco quatro dias depois de ter sido internado, em 12 de dezembro de 92. Hoje, ele teria 44 anos.
"Tenho esperança que ele ainda esteja vivo e apareça", diz ela.
Faltando apenas um ano para se aposentar, Gomes queria se curar do alcoolismo. Foi para a clínica, que tinha convênio com seu sindicato, por vontade própria.
Segundo as ex-enfermeiras, os "crachás" se assustaram com a força física do estivador, que poderia se tornar uma ameaça ao poder deles.
Começaram, então, a espalhar o boato de que Gomes seria um estuprador. Agredido, teria tido uma hemorragia e foi levado para o Hospital Nardini, em Mauá (Grande SP).
Ao chegar para visitar seu marido, Vera foi informada de que ele estava no hospital.
Lá, um homem desconhecido ocupava a cama onde estava escrito o nome de seu marido. O registro do hospital dizia que ele havia fugido.
"É impossível que ele tenha fugido e nunca tenha me procurado ou a nossa filha, que ele adorava", diz Vera Lúcia. A filha do casal tem hoje 8 anos.
A mulher, que faz comida congelada para sobreviver, diz que, mesmo alcoólatra, seu marido "nunca faltou ao trabalho ou dormiu fora de casa".
Eles já tinham conseguido comprar uma casa e não tinham dívidas. "No dia que ele se internou e disse ao médico que só sairia dali curado", diz Vera.
Nos depoimentos, as ex-enfermeiras afirmaram que terem ouvido dos "crachás" que o corpo de Gomes ficou quatro dias "na pedra" do manicômio (referência a uma mesa de necrotério) até desaparecer.(LHA)

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