São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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Mulher ainda procura o marido
LUIS HENRIQUE AMARAL
"Tenho esperança que ele ainda esteja vivo e apareça", diz ela. Faltando apenas um ano para se aposentar, Gomes queria se curar do alcoolismo. Foi para a clínica, que tinha convênio com seu sindicato, por vontade própria. Segundo as ex-enfermeiras, os "crachás" se assustaram com a força física do estivador, que poderia se tornar uma ameaça ao poder deles. Começaram, então, a espalhar o boato de que Gomes seria um estuprador. Agredido, teria tido uma hemorragia e foi levado para o Hospital Nardini, em Mauá (Grande SP). Ao chegar para visitar seu marido, Vera foi informada de que ele estava no hospital. Lá, um homem desconhecido ocupava a cama onde estava escrito o nome de seu marido. O registro do hospital dizia que ele havia fugido. "É impossível que ele tenha fugido e nunca tenha me procurado ou a nossa filha, que ele adorava", diz Vera Lúcia. A filha do casal tem hoje 8 anos. A mulher, que faz comida congelada para sobreviver, diz que, mesmo alcoólatra, seu marido "nunca faltou ao trabalho ou dormiu fora de casa". Eles já tinham conseguido comprar uma casa e não tinham dívidas. "No dia que ele se internou e disse ao médico que só sairia dali curado", diz Vera. Nos depoimentos, as ex-enfermeiras afirmaram que terem ouvido dos "crachás" que o corpo de Gomes ficou quatro dias "na pedra" do manicômio (referência a uma mesa de necrotério) até desaparecer.(LHA) Texto Anterior: 'Ex-paciente inventou tudo', diz advogado Próximo Texto: Teto de creche desaba e mata menino Índice |
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