São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Microempresas lideram na virada do século

DA REPORTAGEM LOCAL

As micro, pequenas e médias empresas é que vão carregar a economia mundial nos anos 90.
Empresários e consultores acreditam que um movimento de absorção de pequenas empresas pelas grandes vai compor um nicho estreito nos mercados.
Junto com a terceirização, o movimento deve abrir um filão interminável ao surgimento de novos empreendimentos.
Em sintonia com essa tendência mundial, a Folha publica no próximo domingo o segundo dos cinco fascículos da série "Seu negócio na nova era", projeto editorial em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Os fascículos são voltados para quem pretende abrir e administrar sua própria empresa afinado com a nova ordem econômica mundial.
"A temática dos fascículos é interessante. Há pouca literatura sobre o assunto e a série vem preencher essa lacuna", afirma Ricardo Amoroso, 38, sócio-diretor da consultoria Rummler Brache.
Segundo o consultor, as grandes empresas chegaram a um ponto em que já não podem funcionar com a agilidade necessária.
Se antes o sucesso vinha ou pela diferenciação em relação aos concorrentes ou pela competitividade gerada por custos menores, agora a chave do sucesso são as duas coisas. "Muitas empresas só conseguem isso com a terceirização."
Roberto Nicolau Jeha, diretor da Fiesp e dono da Indústria de Papel e Papelão São Roberto, diz que a tendência é de que as pequenas sigam no vácuo das grandes.
"As pequenas são as que mais geram empregos." Jeha considera útil a publicação dos fascículos, porque o segmento de pequenos empresários "precisa de mais atenção no Brasil. Afinal, toda grande empresa já foi micro".
Para Mário Bernardini, diretor do departamento de economia da Fiesp, cada vez mais a terceirização comanda nos países de ponta.
Já o engenheiro Dino Mocsányi, 38, da Mocsányi Consultores Associados, acha que o mundo todo vive a polarização: formação de megaempresas com disseminação de pequenas.
"Muitas corporações aumentaram o faturamento e ao mesmo tempo reduziram o quadro de pessoal. Os demitidos receberam uma 'bolada' de indenização, com a qual abriram suas próprias empresas", diz Mocsányi.
A HQS, prestadora de serviços de informática, tem 36 funcionários, trabalha para grandes clientes e já partiu para a terceirização.
Contratou uma empresa para cuidar da área administrativa. Dos seis sócios da época de sua fundação, tem hoje apenas dois. Outros dois abriram suas próprias empresas, enquanto os demais partiram para outro ramo. "É a terceirização da terceirização", diz o sócio Francisco Eduardo Parreira, 28.
"Nos países em desenvolvimento o papel das micro e pequenas é fundamental", afirma João Carlos Chaves, diretor da QuickChip Engenharia e Projetos Eletrônicos, com 10 funcionários.
Próximo fascículo
O tema do segundo fascículo, que circula com a Folha do próximo domingo, é "Como identificar as melhores oportunidades".
O fascículo vai explicar como as grandes tendências mundiais –globalização da economia, estilo de vida internacional, mulheres na liderança e valorização da arte e do lazer, por exemplo– alavancam oportunidades de negócios e estimulam o surgimento de novas empresas.
Um teste ajuda o leitor a descobrir se uma nova idéia de negócio está em sintonia com os novos tempos.

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