São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Sai a versão final para plano de paz na Bósnia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Representantes das grandes potências apresentam hoje aos líderes das três partes em guerra na Bósnia um novo plano de paz, visto como última chance para encerrar o conflito iniciado há 27 meses.
O plano foi endossado ontem em Genebra (Suíça) pelos ministros das Relações Exteriores de Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha.
Ele prevê a transformação da Bósnia numa confederação, com uma parte controlada pelos sérvios e outra por uma federação unindo croatas e muçulmanos.
O secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, advertiu os sérvios a aceitarem o plano ou enfrentarem a suspensão do embargo ao fornecimento de armas aos muçulmanos.
O chanceler da Rússia, Andrei Kozirev, qualificou essa decisão do "grupo de contato" das grandes potências como "um ultimato pacífico". Os líderes sérvios, croatas e muçulmanos terão duas semanas para responder.
A ameaça foi endossada pelos chanceleres da França, Alain Juppé, da Alemanha, Klaus Kinkel, e do Reino Unido, Douglas Hurd, reunidos em Genebra.
Em dois anos de tentativas de mediar a paz, as grandes potências nunca haviam se mostrado tão unidas em torno de um plano.
A Rússia, tradicional aliada dos sérvios, até recentemente se recusava a apoiar a ameaça de suspensão ao embargo de armas, que é defendida pelos EUA.
O embargo foi imposto pela ONU a toda a ex-Iugoslávia após os conflitos que explodiram com as declarações de independência de Croácia e Eslovênia (1990-91).
A guerra na Bósnia começou em abril de 1992, quando croatas e muçulmanos decidiram pela independência em plebiscito. O conflito já deixou cerca de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados.
Com o controle do antigo Exército iugoslavo e apoio militar da nova Iugoslávia (reduzida a Sérvia e Montenegro), os sérvios se saíram melhor no campo de batalha e hoje dominam 70% da Bósnia.
O plano de paz do "grupo de contato" prevê que os sérvios fiquem com 49% do território; os outros 51% ficariam para a federação croata-muçulmana.
O mapa do que seria a "nova Bósnia" foi endossado ontem pelos ministros das grandes potências. "O que foi feito hoje é um passo muito importante para a paz", disse Christopher.
Hurd, porém, observou que vários planos de paz fracassaram nos últimos dois anos.
Segundo ele, "ainda há muitos comandantes militares (na Bósnia) que se impõem aos líderes políticos, dizendo: 'deixem com a gente, nós podemos conseguir mais no campo de batalha do que na mesa de negociações'."

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