São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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Arafat toma posse na autoridade palestina
SÉRGIO MALBERGIER
Arafat pousou de helicóptero em Jericó pouco antes das 9h (3h em Brasília), sua primeira visita à Cisjordânia desde que esteve na região clandestinamente em 1968, meses depois do início da ocupação israelense. O líder palestino discursou para cerca de 5.000 pessoas numa estação rodoviária na periferia da cidade. Autoridades palestinas esperavam uma multidão de até 250 mil pessoas para receber Arafat. Elas acusaram o governo israelense de impedir o acesso de palestinos de outras cidades da Cisjordânia (Jericó tem cerca de 20 mil habitantes) ao não conter os bloqueios de estradas da extrema direita israelense. Israel negou a acusação. Houve choques entre manifestantes e a polícia israelense na madrugada e começo da manhã. Arafat voltou a pedir em seu discurso a união dos palestinos e a criação de um Estado palestino com sua capital em Jerusalém. "Nossa luta vai continuar até estabelecermos um Estado palestino com Jerusalém como sua capital", disse Arafat. O governo israelense é contra um Estado palestino e considera Jerusalém sua "capital indivisível". Os dois assuntos serão discutidos a partir de 1996. Após o discurso, Arafat foi à recém-construída sede da ANP, onde prestou juramento como seu presidente. Mais 12 ministros (1 cristão e 11 muçulmanos) entre os 24 da ANP tomaram posse. Sete não compareceram e cinco postos ainda estão vagos. Faiçal Husseini, o mais proeminente líder palestino de Jerusalém, presente à cerimônia, não fará parte da ANP como esperado porque o acordo não permite que cidadãos de Jerusalém sejam ministros da entidade autônoma. Arafat deixou Jericó no final da tarde de helicóptero em direção a Gaza. De lá, voltaria ao Egito. Hoje ele chega a Paris para negociações com o premiê israelense, Yitzhak Rabin, e o chanceler Shimon Peres. Serão as primeiras negociações de alto nível entre as duas partes desde a assinatura do acordo de Gaza e Jericó em maio no Cairo. Cada delegação terá dez membros. Entre os assuntos a serem discutidos estão: a retirada das tropas israelenses das outras cidades palestinas da Cisjordânia, detalhes da autonomia de Gaza e Jericó e a libertação dos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. Texto Anterior: FBI vai combater as máfias russas; Britânicos terão 6 religiões na escola; 'Serial killer' Dahmer escapa de assassino; Chanceler japonês visitará o Brasil; México divulga novo vídeo do assassinato; Gorbatchov acusa 'ambição' de Ieltsin; Parlamento Europeu vaia fala de Jirinovski; Sul-iemenitas rechaçam ataque; Bobbitt é preso por agredir noiva Próximo Texto: Rabino apóia líder da OLP Índice |
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