São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Bombeiros analisam ossos encontrados

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma equipe do Corpo de Bombeiros de Mauá (29 km a sudeste de São Paulo) começou ontem a escavar o terreno dos fundos do manicômio São Marco. Eles tentavam achar corpos de internos que teriam sido mortos e enterrados no local, segundo denunciou um ex-paciente.
O promotor Eder Segura, do Ministério Público, disse que o local bate com a descrição feita pelo ex-interno M.A, 24.
Os bombeiros encontraram alguns ossos. Mas, segundo eles, são ossos de animais. Os ossos serão levados para análise.
Os bombeiros também mergulharam no lago que fica atrás do hospital em busca de corpos.
No depoimento, M.A. disse que os corpos foram enterrados ao lado do lago.
M.A. foi um "ex-crachá" na instituição por dois meses. Segundo o hospital, esse era o termo usado para para designar pacientes que apresentavam progressos e que recebiam tarefas específicas como forma de "terapia". Eles usavam crachás.
Segundo a coordenadora do movimento S.O.S. Saúde Mental, Isabel Lopes, "as enfermeiras afirmaram que os crachás cuidavam da disciplina e, até, da enfermagem dos pacientes".
Estiveram presentes Vera Lúcia Gomes, Fabiana Barros de Almeida e Maria José Diniz, parentes de internos que teriam sofrido maus-tratos.
"Tenho certeza que meu pai foi espancado aqui no manicômio porque ele tinha idade mental de 3 anos de idade e não teria condição de fugir a pé e só ser encontrado no hospital de São Paulo", diz Fabiana.
Também acompanharam as escavações representantes do S.O.S. Saúde Mental, que luta pela extinção de manicômios, o deputado estadual Roberto Gouveia (PT), o vereador Adriano Diogo e vereadores de Mauá.
"Solicitei informações de órgãos técnicos competentes para saber se realmente existe uma terapia em que doentes mentais tomam conta de outros doentes", diz Segura.
O advogado do São Marco, Carlos Alberto da Silva Paranhos, que também acompanhou as escavações, disse que a mata localizada é local de desova de corpos de pessoas assassinadas na região do ABC e negou que pacientes tenham sido enterrados na área.
A enfermeira Maria Aparecida Almeida de Souza foi até o local, mas até as 15h não havia identificado nenhuma área como o local descrito pelos "crachás".

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