São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Maradona 'vota' no Brasil para campeão

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O jogador Diego Armando Maradona elegeu ontem à noite o Brasil como o favorito para ser o campeão da Copa do Mundo dos Estados Unidos.
Ao dar a opinião às 19h30 no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, Maradona fez um gesto como se estivesse depositando um voto em uma urna.
Maradona desembarcou por volta das 19h na capital argentina, vindo dos Estados Unidos. Ele foi ambíguo em todas as respostas que deu.
Sobre o fato de ter sido afastado pela Fifa do Mundial, acusado de doping, Maradona disse que lhe "cortaram as pernas".
Ao mesmo tempo, mais adiante, declarou que assumia a responsabilidade pelo prejuízo da Argentina, eliminada nas oitavas-de-final do Mundial pela Romênia.
"Se há um responsável sou eu. Assumo toda a culpa."
Vestido com um moleton, calça jeans e tênis, Maradona disse, dirigindo-se a todos os argentinos, que não tinha "necessidade de tomar nada".
Durante a entrevista, de cerca de 20 minutos, Maradona não fez nenhuma acusação enfática a ninguém.
Ele disse que precisa conversar mais com o presidente da AFA (Associação do Futebol da Argentina), Júlio Grondona, e com o médico da seleção.
Questionado se é um ex-jogador, conforme declarou nos Estados Unidos após receber a punição da Fifa, Maradona disse que "praticamente" está fora do futebol.
Ele, seguiu, entretanto, na sua linha de respostas ambíguas e disse que pretende manter a sua forma física.
Maradona afirmou que nada espera da Fifa, aludindo à decisão definitiva sobre o seu caso que a entidade irá tomar.
Maradona, que deu a entrevista acompanhado de dois assessores, dirigiu uma declaração ao presidente argentino Carlos Menem. "Eu não quis incomodar."
Maradona falou a cerca de 50 jornalistas. Ele foi aplaudido pelos repórteres ao chegar ao local da entrevista.
Os jornalistas, que ficaram em pé, não puderam se aproximar do jogador, separados por um cordão de isolamento.
A chegada de Maradona a Buenos Aires foi cercada de várias notícias desencontradas.
Inicialmente, a informação era de que o jogador chegaria às 6h30. Depois, Maradona passou a ser esperado às 8h30, conforme havia noticiado o jornal "El Clarín".
Como não aconteceu, o desembarque poderia ocorrer às 11h30. Como ninguém sabia ao certo o horário, muitos jornalistas passaram o dia em Ezeiza (cerca de 40 km do centro de Buenos Aires). Até que se confirmou a chegada para o final da tarde.
Maradona, que demonstrou durante entrevista vontade de ir logo para a sua casa, disse que se apresentou "dignamente" no Mundial. Segundo ele, ninguém acreditava mais em seu futebol nem nas possibilidades da Argentina.
Ele disse que os adversários esperavam ver um Maradona gordo em campo.
Na sua opinião, a Argentina provocou medo nos adversários depois de vencer as duas primeiras partidas da Copa.

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