São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Jazz-rap e acid jazz agitam noites do festival

CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A MONTREUX

O jazz-rap, o hip hop e o acid jazz conquistaram definitivamente um lugar de destaque no Montreux Jazz Festival. Foi o que se viu (e ouviu) durante as noites de segunda e terça-feira, na fervida sala Miles Davis.
O "forfait" dos anunciados Donald Byrd & Blackbyrds, Groove Collective e Oui 3 não desanimou os fãs. Principalmente anteontem, quando mais de 1.500 pessoas se espremeram para dançar com Galliano e Silent Majority.
Programado na última hora, na vaga de Byrd, o grupo Comanche Park abriu a noite. Deixou parte da platéia atônita, talvez pelo visual bizarro da vocalista Kathleen Thomas, que cobria a cabeça raspada com um cocar indígena.
Um tanto deslocado estava o tecladista Jason Rebello, uma das boas revelações do jazz inglês nos últimos anos. Mostrava, de certo modo, que o papel do jazz no acid jazz britânico tem sido mais físico (a presença dos músicos "ao vivo") do que musical.
"Vanguarda? Jazz? Acid jazz?", gritou Earl Zinger, o líder da banda inglesa Galliano, a atração mais esperada pela platéia de anteontem. Uma ironia de quem sabe muito bem que sua música é hoje muito mais híbrida do que há cinco anos, quando a banda se destacou na onda "acid" britânica.
Como um liquificador que tritura elementos e influências do hip hop, do rock hardcore, do funk, do soul e das várias correntes atuais da "dance music", Galliano é uma banda sem estilo. Seu único compromisso é com a vibração.
Menos eclético, mas não menos atrativo, se mostrou o chamado "cool rap" do francês Soon E Mc, de longe a melhor atração da noite de segunda. O original "mix" de rap, funk, jazz e soul do rapper francês sacudiu a platéia, que quase entrou em delírio quando Soon anunciou "Taxi Groove", um de seus hits mais calcados no funk.
Hoje muito populares em seu país, os grupos suíços Sens Unik e Silent Majority foram recebidos quase como heróis. Calcada no rap tradicional, a música de ambos é bem mais primitiva que a de seus colegas ingleses e franceses.

O jornalista CARLOS CALADO viaja a convite da Warner e da Polygram

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