São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994 |
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'Tempo de Glória' é filme feito para Oscar
INÁCIO ARAUJO
Produção: EUA, 1989, 110 min. Direção: Edward Zwick Canal: Globo, 0h05 Nos últimos anos, o Oscar se encarregou de barrar o "gênero Oscar" das premiações e até das premiações principais. Feliz providência que coloca em xeque certas produções feitas expressamente para agradar. Com frequência, acredita-se que estar contra esse tipo de filmes é estar contra seu conteúdo. Por exemplo, presume-se com frequência que não aderir a "Sociedade dos Poetas Mortos", por exemplo, significa estar contra os educadores com discernimento para entender os sentimentos de seus alunos. Nada disso. Da mesma forma, "Tempo de Glória" narra a história de um batalhão constituído por soldados negros durante a Guerra de Secessão. Fala do racismo de que eram vítimas e, finalmente, de seu engajamento heróico no exército da União. Como se opor a isso? (Tanto mais que se trata de um acontecimento histórico meio subestimado mesmo nos EUA). Mas, para chegar a isso, o diretor Edward Zwick serve-se de um tratamento tão convencional que chega a mostrar o racismo sem perder o glamour. A fotografia de Freddie Francis está à altura das pretensões do filme. Ganhou o Oscar com todo seu adocicamento, que dá bem o tom das intenções envolvidas na realização do filme: ser épico, mas não trágico, nunca desagradável). Mas é Denzel Washignton quem se destaca. Ganhou o Oscar de ator coadjuvante e apareceu com força. Sua interpretação seca sobrepõe-se ao que o filme tem de açucarado e, de algum modo, anula esse problema, ao menos quando está cena. O filme não foge à convenção. Ele, sim.(Inácio Araujo) Texto Anterior: BLUE NOTES Próximo Texto: Mussum sai do hospital depois de oito dias Índice |
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