São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rios são berços de civilizações

CARLOS KAUFFMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A fixação de várias culturas ancestrais se deu ao longo dos vales de rios. Os povoamentos iniciais no Nilo e nos rios Tigre e Eufrates datam de cerca de 4.000 a.C.
O Indo e o Ganges, na Índia, e o Huang e o Yuan, na China, também abrigaram assentamentos.
Vestígios arqueológicos de canais de irrigação foram encontrados na beira do rio Tuan, com datação aproximada de 2.000 a.C.
O vale do Tigre e Eufrates (atual Iraque) gerou civilizações como Assíria, Babilônia e Suméria.
Desde longe, a história da humanidade também é permeada pela associação dos rios às divindades.
Para os antigos egípcios, os deuses Ísis e Osíris foram mandados por Rá para ensinar às tribos nômades as técnicas que os habilitaram a se fixar nas margens do Nilo.
A construção com tijolos de adobe, a invenção do papiro e da escrita, além do uso de canais de irrigação, foram alguns dos ensinamentos atribuídos aos deuses.
Na mitologia grega, os rios eram representados por divindades menores chamadas potâmides. Eram filhas de Tétis, casada com o irmão Oceano. Como outras ninfas, eram representadas por donzelas afeiçoadas à música e à dança.
A potâmide Estige presidia um rio na região helênica de Arcádia. Sua união com o titã Palas gerou a deusa Vitória.
O rio Estige mergulha em um desfiladeiro de 183 metros e depois corre por uma garganta. Esse fato o associava ao mundo subterrâneo onde, segundo o poeta Homero, habitavam os espíritos dos mortos, o Elísio.
Atualmente, o rio se chama Mavronéri. Os gregos achavam que suas águas eram venenosas.
A religião hinduísta até hoje cultua os rios. O mais sagrado é o Ganges, principal curso de água do subcontinente, com 3.090 quilômetros de extensão.
Desde sua nascente nas montanhas do Himalaia – a 16 km dela está Gangotri, um centro de peregrinação –, o Ganges sedia várias cerimônias religiosas.
Em Varanasi, sobre as margens do Ganges há terraços onde hindus de todas as partes do mundo fazam banho de imersão para se purificar dos pecados.
Para os hinduístas, jogar as cinzas dos mortos no Ganges conduz as almas à salvação. Por isso encontram-se várias piras funerárias ao longo do rio.
Uma das principais divindades hinduístas é Vishnu, a quem se atribui a função de preservador do universo. Em várias imagens do deus, há sob seus pés uma fonte de água que simboliza o Ganges.
A lenda da fundação de Roma deve muito ao rio Tigre, que atravessa a cidade. Rômulo foi jogado numa cesta com seu irmão Remo no rio. Uma loba – símbolo até hoje de Roma – salvou os dois.
Os rios também foram o meio mais fácil de entrada e circulação de exploradores, comerciantes, conquistadores e colonizadores.
Um exemplo é a expedição chefiada por Francisco de Orellana, em 1541, que explorou pela primeira vez o rio Amazonas. A travessia, do nordeste do Perú à Foz, durou oito meses.
A origem do nome do rio é atribuído às suas descrições de uma raça maravilhosa de guerreiros, similar às amazonas da mitologia grega.
(CK)

Texto Anterior: CONHEÇA ALGUNS DOS GRANDES RIOS DO MUNDO
Próximo Texto: Veja preços dos cruzeiros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.