São Paulo, sexta-feira, 8 de julho de 1994
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Liberdade prepara o "Tanabata"

FERNANDA LAMEGO
DA REPORTAGEM LOCAL

A comunidade japonesa de São Paulo e as pessoas que se interessam pela cultura do Japão se preparam para a festa do Tanabata.
A comemoração do Tanabata ou Festival das Estrelas, que acontece normalmente no dia 7 de julho, foi transferida para o dia 23.
O festival relembra uma lenda chinesa de 4 mil anos que foi introduzida no Japão antigo e acontece sempre no sétimo dia do sétimo mês (leia texto abaixo). Este ano a data foi adiada no Brasil por causa dos jogos da Copa.
O festival é organizado pela associação Jinkai, que reúne 900 imigrantes que vieram da província de Miagui, no Japão.
O bairro da Liberdade será decorado com cem bambus de 10 metros cada, que servem de suporte para os enfeites Tanabata.
As varas são verdes e serão cortadas no dia 19. Os enfeites vêm sendo preparados desde março.
São milhares de tiras, bolas e flores de papel coloridas montadas pelo grupo de senhores japoneses que costumam fazer ginástica de manhã na praça Liberdade.
Os postes de bambu serão montados na calçada da rua Galvão Bueno, rua dos Estudantes e na própria praça Liberdade.
Em galhos menores de bambu devem ser amarrados os pedidos feitos aos deuses da lenda Tanabata, que são escritos em cartões especiais, os "tanzakos". Eles serão vendidos na barraca da associação Miyaguiken Jinkai.
Os pedidos endereçados aos deuses serão recohidos no domingo e queimados posteriormente num templo budista, em um ritual comandado por um monge.
O melhor da festa acontece no fim da tarde do dia 23, quando diversos grupos de dança tradicional japonesa desfilam até a praça.
Os restaurantes e a feira de artesanato da Liberdade funcionam normalmente durante o festival.
No Japão o Tanabata está desaparecendo das cidades. A maioria das pessoas não tem mais um jardim para colocar os bambus ou não se interessa pela festa.
Para o assessor cultural do Consulado do Japão, Sakao Hidenori, pode-se ver na lenda a face do Japão. Num país onde o casamento arranjado ("omiyai") era a norma, a história de suas estrelas apaixonadas que só podem se encontrar uma vez por ano apela para os sentimentos românticos do povo.
Nos lugares onde a festa é lembrada, as pessoas escrevem poemas em tiras de papel e decoram com eles os bambus no jardim.
A maioria dos japoneses, entretanto, apenas celebra o festival para melhorar sua caligrafia.
(Fernanda Lamengo)

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