São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Menem se desculpa e diz que ama o Brasil

Presidente argentino diz que não quis ofender ao citar salário brasileiro; Itamaraty considera o caso encerrado
Das agências internacionais e da Agência Folha, em Buenos Aires
O presidente argentino Carlos Menem se desculpou ontem publicamente por comentários que fez sobre a situação econômica brasileira.
"Se ofendi o senhor presidente ou um país que quero e amo como o Brasil, estou pedindo desculpas", disse Menem.
Ele disse à Rádio América, de Buenos Aires, que não há nenhum problema com o Brasil e que o presidente Itamar Franco o interpretou mal.
Na quarta-feira, para minimizar um protesto popular contra a política econômica argentina, Menem perguntou:
"Quantas marchas teriam que fazer no Brasil, onde o salário mínimo é a metade do que ganha um aposentado na Argentina?"
Anteontem, o presidente Itamar Franco disse que Menem havia sido "profundamente deselegante".
Itamar ameaçou não ir à reunião do Mercosul (Mercado Comum do Sul), de 4 a 6 de agosto, em Buenos Aires, e convocou o embaixador na Argentina, Marcos Azambuja, para avaliar a declaração.
Itamar deixou para segunda-feira o encontro que teria ontem com Azambuja, que chegou ontem a Brasília.
O pedido de desculpas feito por Menem através de uma rádio argentina foi considerado uma "sinalização positiva" pelo governo brasileiro.
"Diria que o episódio está sendo superado", afirmou o porta-voz do Itamaraty, Luiz Fernando Benedini.
Os dois presidentes já haviam se desentendido em junho, durante a Cúpula Ibero-Americana, em Cartagena (Colômbia).
Repercussão
O jornal "Página 12", de Buenos Aires, publicou na capa de sua edição de ontem uma fotomontagem em que Menem aparece com a língua para fora caída abaixo do queixo.
A foto ilustra a manchete do jornal: "A maior língua do mundo", uma alusão às declarações de Menem sobre o Brasil.
O assunto também foi manchete do "Clarín", principal jornal argentino. "Protesto do Brasil por opiniões de Menem". O tema ocupou duas páginas internas.
O "Clarín" disse que as relações entre Brasília e Buenos Aires são "sempre complicadas".
O matutino "La Nación" não deu o caso em manchete, mas publicou na primeira página. Como os outros jornais, "La Nación" lembrou que este é o segundo incidente bilateral em menos de um mês.
O diário "Ámbito Financiero" tratou do assunto na página 11, onde exibiu uma charge mostrando os dois presidentes lutando com espada.
O texto do "Página 12", jornal crítico ao governo, diz que a "eliminacão da Argentina do Mundial impediu um clássico com o Brasil, mas o presidente se encarregou de armar sua própria partida".

Colaborou a Sucursal de Brasília

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