São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Presos mantêm reféns por mais de 24 horas

DIONE KUHN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A comissão formada para negociar a libertação de 24 funcionários do Hospital Penitenciário de Porto Alegre, que foram feitos reféns desde as 15h de quinta-feira, não havia chegado a um consenso até as 19h de ontem.
Autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário tentaram desde as 15h30 dialogar com os presos sem sucesso.
A comissão criada no início da tarde para dialogar com os presos não tinha definido a melhor forma de salvar os reféns.
Alguns integrantes dessa comissão defendiam libertação dos nove presos amotinados. Segundo um deles, havia o receio de que houvesse uma matança no hospital pior do que a ocorrida no Carandiru.
Isso porque a orientação dada ao Batalhão de Choque da Brigada Militar era de invadir o hospital no momento em que um refém sofresse qualquer tipo de violência.
Segundo o deputado Marcos Rolim (PT), a polícia não teria como diferenciar os amotinados do restante.
O deputado disse que existem, além dos nove rebelados e dos 24 reféns, mais 80 pacientes e 30 presos trabalhando no estabelecimento.
A rebelião começou às 15h de quinta-feira. Nove presos armados fizeram 24 reféns em troca de duas exigências. A primeira era a transferência de Dilonei Francisco Melara e Celestino Linn, dois dos mais perigosos criminosos do Estado, do presídio de alta segurança de Charqueadas para o hospital. Charqueadas fica a 55 quilômetros de Porto Alegre.
A segunda exigência era a libertação de todos os presos amotinados em três carros Ômega.
Nenhum representante da comissão soube informar com certeza a situação dos reféns, já que o contato com os presos estava sendo feito através das janelas do hospital.
A informação de agentes penitenciários era de que os presos tinham alimentos para 30 dias. O secretário de Justiça do Estado, Gabriel Fadel, considerou difícil a libertação dos presos, mas não descartou essa possibilidade.

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