São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Primeiro da fila chegou às 8h de terça-feira

DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Aparecida Campos Amorim Ferreira, 33, proprietária de uma pequena indústria de confecção, foi a primeira a chegar na Telesp de Itaquera (zona leste), na terça-feira, às 8h.
"Estou perdendo tempo, dinheiro e nem sei como estão minhas duas filhas, em casa, mas acho que vale a pena", disse.
A Telesp não organizou a fila, que não parava de crescer.
Os que chegaram antes se organizaram e distribuíram senhas para as pessoas que chegavam.
Foram montados grupos de 40 pessoas cada. Dentro dos grupos eram combinados esquemas de revezamento, para todos poderem ir para casa almoçar e tomar banho, por exemplo.
Algumas pessoas, como Maria Aparecida, por exemplo, não saíam de jeito nenhum.
Na fila, o ambiente era de festa. Aqueles que se preparavam para esperar pelo menos mais 60 horas até serem atendidos traziam cadeiras de praia, televisões portáteis, violões e cobertores.
Hélio dos Santos Andrade, 23, que está na fila desde as 10h de quarta-feira, teve a idéia de vender sanduíches para os que esperavam.
Na própria fila encontrou dois sócios, Paulo Rogério da Silva, 27, e Vilma Luiza Cândido Profeta, 25. Os três prepararam sanduíches de queijo e presunto para vender por R$ 0,50 cada. Também vendiam chá e café feito na hora.
"Cada sanduíche sai para mim por R$ 0,23. Já dá para ganhar um dinheirinho", disse Andrade.
No final da fila o tumulto era constante, pois as pessoas chegavam mais depressa do que os grupos conseguiam se organizar.
Os telefones públicos na esquina do prédio da Telesp estavam sempre cheios. Todos queriam avisar algum amigo ou parente para vir correndo e entrar na fila.

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