São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994 |
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Casa na Consolação atrai meninos de rua
DANIEL CASTRO
A soma equivale a 14% do total de meninos de rua que os pesquisadores contaram em toda a cidade. Na praça da Sé e arredores, havia 80 meninos (8,9%). A ocupação dos Jardins pelos menores foi rápida e mais intensa a partir do ano passado. Até o final da década passada, era muito raro encontrar um menino na região. A rua Antônia de Queiróz, na Consolação, é o principal ponto de concentração de meninos de rua. É lá que eles dormem, ao relento, e de onde saem a maioria das reclamações dos moradores. As crianças preferem a rua porque lá funciona uma casa aberta, mantida pelo governo estadual. A casa aberta é uma entidade que tenta atrair os menores para atividades recreativas. A casa, no entanto, não fornece comida e não é abrigo para dormir. As crianças se sentem protegidas pelos educadores da casa aberta. Para os moradores da rua Antônia de Queiróz, a casa aberta é o vizinho mais indesejável. Até abaixo-assinado, pedindo o fechamento do local, já foi endereçado ao secretário de Segurança Pública. Um grupo de cerca de 20 crianças e adolescentes montou "acampamento" nos portões das residências da rua. "Eles não são violentos, mas fazem muita algazarra e sujeira", reclama Clorinda Bergamashi. A fachada da casa de Clorinda está repleta de placas de "vende-se". "Já reduzi o valor da casa pela metade, mas ninguém quer comprá-la", lamenta. Crack Segundo Juarez Alves, 41, assessor técnico da Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social do Estado, o tráfico de drogas é a nova "atividade" dos meninos na região. "O crack está mudando o comportamento dos meninos de rua. Nos Jardins, eles estão vendendo drogas, trabalhando para traficantes", afirma. Segundo o capitão José Everardo da Silva, 44, reponsável pelo policiamento na área, a droga sai das pensões da rua Frei Caneca. "Os adolescentes são usados como 'mulas' (pessoas que entregam drogas para consumidores)", diz. Texto Anterior: Crianças trocam a Sé pelos Jardins Próximo Texto: 'É preciso criar albergues' Índice |
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