São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Roupa manchada pode confirmar denúncia

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bombeiros de Mauá (29 km a sudeste de São Paulo) encontraram ontem uma trouxa de roupas com manchas vermelhas, semelhantes às deixadas por sangue, no fundo do lago do manicômio São Marco.
As roupas vão ser analisadas pela Polícia Técnica e o resultado deve sair em 30 dias.
A descoberta das roupas levou o promotor Eder Segura, do Ministério Público de Mauá, a solicitar que o lago seja esvaziado.
O local onde estavam as roupas foi indicado ontem pelo ex-interno do manicômio M.A.F., 24. Em junho, ele disse ao MP que ajudou a enterrar quatro internos que morreram espancados.
O advogado do hospital, Carlos Alberto da Silva Paranhos, disse que os internos "costumavam fazer trouxas de roupas velhas para brincarem" e que "uma delas deve ter caído no lago".
Novos Casos
Ontem, surgiram novas denúncias de violência contra internos do manicômio. Ele foi fechado por seus proprietários em março, depois que começaram a surgir as denúncias.
A filha adotiva de Marcos Antônio Piauí, Janete, denunciou que ele foi levado contra a vontade da família para o São Marco.
"Ele bateu a cabeça na rua e perdeu a memória. Foi levado para um hospital de Osasco e transferido, como indigente, para o manicômio", diz Janete.
Segundo ela, quando descobriu que o pai tinha sido transferido foi ao manicômio e o encontrou andando sem roupa e com fome. "Pedi para tirá-lo de lá mas eles se recusaram", diz.
No dia 13 de março, Janete disse que recebeu um telefonema informando que o pai havia sido levado para o hospital Nardini, em Mauá, com problemas de pressão. Ao chegar ao local, a família recebeu a informação que ele estava morto.
O laudo do IML não atesta a causa do morte. Segundo Janete, seu corpo estava "cheio de hematomas".
O hospital afirmou que vai consultar o cadastro dos pacientes para apurar qual foi a causa da morte de Piauí, mas nega que ele tenha sido espancado.

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