São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Justiça e PF se desentendem sobre preços

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da PF (Polícia Federal), Wilson Romão, convocou ontem os seus superintendentes regionais e determinou que os 7.000 policiais federais fiscalizem preços. "Vamos informar qualquer anomalia", disse Romão.
A decisão de Romão foi contestada publicamente pelo ministro Alexandre Dupeyrat (Justiça). Ele só soube que a PF iria fiscalizar preços ontem pela manhã, quando foi chamado para a reunião dos superintendentes.
"O assunto é afeto à área da Sunab", disse Dupeyrat. Romão rebateu em seguida, dizendo que o ministro "está num esquema diferente" do seu.
A convocação da PF para fiscalizar preços é defendida pelo presidente Itamar Franco.
A seguir, trechos das entrevistas de Dupeyrat e Romão.
Alexandre Dupeyrat, ministro da Justiça:
Pergunta – O que o sr. espera dessa decisão da PF de fazer investigações nos supermercados para conter abusos de preços?
Dupeyrat – Não há uma decisão. Eu tomei conhecimento hoje (ontem) desta reunião dos superintendentes da PF, que abordará aspectos administrativos da organização. Não há nada programado nesse sentido, por enquanto.
Pergunta – A PF vai estar atenta aos aumentos abusivos?
Dupeyrat – Não só a PF, mas todas as entidades. Sobretudo os Procons e as Sunabs, que estão atuando e têm missão específica de fiscalizar. Sorte que a PF poderá ajudar, talvez na área de ilícito penal. Especificamente, o assunto é afeto à área da Sunab.

Wilson Romão, diretor-geral da Polícia Federal:
Pergunta – O ministro da Justiça disse que não é competência da PF a fiscalização de preços. O sr. concorda?
Romão – O ministro está num esquema diferente de mim. O esquema do ministro é de reuniões interministeriais para decidir. Mas no meu caso, não. É só informar.
Pergunta – O sr. precisa de portaria ministerial para agir?
Romão – Não. Isso é trabalho nosso. A Polícia Federal estará atenta a qualquer anomalia nos preços e vai informar a Secretaria de Defesa do Consumidor e Cade.
Pergunta – O que o sr. espera com esse trabalho da PF?
Romão – Nós temos uma amplitude de cobertura nacional. A Sunab tem um efetivo muito pequeno, só está atuando em algumas capitais. Eu cubro todo o país e posso informar à própria Sunab.

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