São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Minha seleção de tipos inesquecíveis

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A DALLAS

Meus amigos, meus inimigos, já estamos na fase dos balanços desta Copa. Aí vai a minha seleção do Mundial até agora. Sujeita a chuvas, trovoadas e pontapés a partir dos jogos deste fim-de-semana.
Para não perder a tradição –e como esta foi um Copa boa de atacantes– vamos de cinco lá na frente (aliás, a poição com a maior oferta de bons jogadores).
Goleiro: Preud'Homme, da Bélgica. Falhou em um dos gols de Voller, contra a Alemanha, mas ainda assim é o melhor, de longe. Além disso, teve um gesto heróico: tentou marcar um gol de cabeça.
Zagueiros: McGrath, o bebedor, da Irlanda. "Ya, ya, ya, nós temos McGrath". Além de um grande cabeceador, um grande personagem. Lembra, vagamente, o Luizão Chevrolet Pereira.
O príncipe Phillippe Albert, da Bélgica. Faz tempo que o mundo não assistia, maravilhado, a alguém jogando de maneira tão elegante. Um nobre do futebol.
E Stefan Schwarz, da Suécia. Já sei, já sei, ele é meio-campista. Mas o Piazza também era. Schwarz põe, com o pé esquerdo, a bola onde ele quiser. Seria o homem dos lançamentos longos.
Como se vê, uma defesa clássica, para tomar muitos gols. Mas também para ajudar o time a fazer muito gols.
Meio-campo: Redondo, da Argentina. Quando Parreira o vê jogar, deve se lembrar do Vinícius de Moraes: "Se todos (volantes) fossem iguais a você/ Que maravilha viver...".
Redondo gosta dela redondinha.
Gheorge Hagi, da Romênia. Porque desde Roberto Rivelino que Gheorge Hagi é Gheorge Hagi.
(No banco, Thomas Hassler, da Alemanha. O baixinho é fogo. Apóia e volta com uma velocidade impressionante. Troca de posição, tem muita mobilidade. Opção de mudança no esquema.
Não vamos também nos esquecer do Augustine Okocha, da Nigéria, que comeu a bola no jogo contra a Itália).
Bem, agora, vamos ao que interessa, ou seja, o ataque:
Claudio Caniggia pela direita. Até se machucar, o homem era um monstro. Estava com a paranóia da vitória. Com sede de ganhar. Fez uma partida memorável que os nigerianos não esquecerão.
Jose Luiz Perez Caminero, da Espanha, pela meia-direita. Foi o homem responsável pela ressurreição da Espanha. Colocou os espanhóis no caminho de San Tiago. Veremos se confirma, hoje.
Romário. Romário. Romário.
Jurgen Klinsmann, da Alemanha. O craque politicamente correto desta Copa. Um jogo histórico contra a Bélgica. Forte candidato a homem deste Mundial.
Hristro Stoichkov. Porque ele e o Romário precisam um do outro. E porque, na hora de decidir, decide.
Como se vê, não só um time espetáculo. Mas também uma galeria de tipos inesquecíveis. Para a glória do futebol.

Esta Copa poderá ter as semifinais curiosas. Dois jogos entre dois times que já se enfrentaram na primeira fase. Na costa leste, Alemanha x Espanha. Na costa oeste, Brasil x Suécia.
Na primeira fase, os dois jogos ficaram em 1 a 1. Agora, como diz aquela canção, este jogo não pode ser 1 a 1.

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