São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cuspi no Cruyff para provocar, diz Marinho

JOÃO MÁXIMO
ENVIADO ESPECIAL A DALLAS

Francisco das Chagas Marinho, 42, vive há seis anos nos EUA, onde dirige uma escolinha de futebol em El Paso, Texas.
Ele acaba de abrir uma firma de exportação de material esportivo e está escrevendo um livro sobre sua experiência pessoal: "A Copa do Mundo por dentro e por fora".
A Copa por fora ele está vivendo aqui nos EUA, como torcedor, acompanhando a seleção brasileira por onde ela passa.
A Copa por dentro ele viveu em 1974, na Alemanha, quando foi o lateral-esquerdo titular da seleção derrotada pela Holanda de Cruyff.
"Naquele jogo, fiz tudo para ser expulso de campo com o Cruyff: cuspi nele, passei a mão na bunda dele, mas nada. O homem era frio, não reagia. Frio e craque. Aquele time holandês revolucionou o futebol mundial", lembra Marinho.
Também ele era um craque. E se subestima ao dizer que teria ajudado muito o Brasil, se tivesse sido expulso com Cruyff.
As recordações que guarda daquela Copa não são boas: "Na época, disseram que o jogo foi levado para Dortmund para beneficiar a Holanda, que fica ali perto".
"Teria sido uma vingança do Stanley Rous porque o Havelange acabara de desbancá-lo da presidência da Fifa", explica.
Houve, também, a briga com Leão: "No jogo com a Holanda, reclamei dele porque não saiu no lance do gol de Cruyff. Na decisão do terceiro lugar com a Polônia, Leão foi à forra, reclamando de mim no gol do Lato. Terminado o jogo, saímos aos empurrões".
Marinho também não guarda boas lembranças de 1978. "Nunca perdoei o Coutinho por não ter me convocado para aquela Copa. Preferiu deslocar o Edinho da zaga para a lateral esquerda."
Um ano antes, nas eliminatórias, Osvaldo Brandão já o preterira em benefício de Vladimir: "Cheguei a chorar quando isso aconteceu".
Marinho diz ter saudades de todos os times por que passou: ABC (Natal), Botafogo, Fluminense, São Paulo, Cosmos (Nova York), e Hudson-Benfica (Boston).
Em todos, marcou presença com estilo ofensivo, grande domínio de bola, classe e um drible da margem do campo para dentro, seguido de forte finalização de direita.
Em 1978, o ano em que Coutinho não o convocou, marcou 14 gols no campeonato carioca, jogando na lateral esquerda.
No livro que está escrevendo, conta coisas curiosas, como a clausura da concentração da Floresta Negra, na Alemanha, em 74.
"Era fogo. Nenhuma mulher por perto, além de umas camareiras alemãs já na casa dos 70. Era cada um por si", conta Marinho.
No livro, ele quer registrar seu palpite para hoje: "Dois a zero Brasil. Será a forra exata de 74".

Texto Anterior: O JOGO: BRASIL X HOLANDA
Próximo Texto: O BRASIL
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.