São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Números apontam Jonk como mais perigoso

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A DALLAS

Carlos Alberto Parreira está preocupado com o jovem ponta-direita Marc Overmars, 21, do time do Ajax, de Amsterdã.
Mas os números indicam que o jogador mais perigoso do time da Holanda até agora nesta Copa é o meio-campista Wim Jonk.
Ele joga com o número 8, tem 27 anos, e atua, junto com Dennis Bergkamp (10), na Internazionale, de Milão, Itália.
A Holanda é a seleção que mais chutou a gol até agora. Deu 80 chutes. E Jonk, entre os holandeses, é o jogador que mais disparou tiros rumo à meta adversária.
Jonk e Bergkamp são os artilheiros da Holanda com dois gols. O número 8 chutou a gol 13 vezes. Seu índice de precisão pode ser considerado excelente.
Apenas dois destes chutes foram para fora. Cinco chegaram ao gol (dois entraram) e seis foram desviados pela defesa adversária.
Sua principal característica é dar um drible curto para se posicionar para o chute e disparar forte nas fronteiras da área. Dez dos seus chutes foram atirados de fora da área.
Impedir este chute é um dos desafios da marcação brasileira hoje. O esquema do técnico Dick Advocaat é claríssimo neste item.
Como ele joga com dois pontas, a tendência é que as defesas adversárias se abram um pouco. Os meio-campistas saem para procurar cobrir os laterais.
Sobra espaço então, pelo meio, para a entrada de Jonk arremessar de fora da área. É uma das principais jogadas de ataque da Holanda.
Os números também indicam que Jonk é um jogador aplicado na marcação. Ele e o zagueiro Franck de Boer (2, do Ajax) são os que mais fizeram faltas no time: 8.
O técnico Dick Advocaat chegou à Copa com pouca expectativa em relação ao seu trabalho. Ele era visto como uma espécie de "tapa buraco", na falta de Johan Cruyff.
Havia ainda os boatos de quem mandava no time era o capitão Ronald Koeman (4, do Barcelona), o líbero, organizador das jogadas e excelente cobrador de faltas.
Ruud Gullit, o melhor jogador holandês depois da geração da "laranja mecânica", abandonou a seleção depois de ter acertado com Advocaat a sua volta.
Marco Van Basten, um dos maiores atacantes europeus de todos os tempos, também não se recuperou para jogar nos EUA.
A Holanda começou mal e só se classificou em primeiro lugar de seu grupo pelo saldo de gols. O time tocava a bola lentamente, sem objetividade e criação.
Mas as coisas mudaram depois da vitória de 2 a 0 sobre a Irlanda nas oitavas-de-final. O time ficou mais confiante e Advocaat adquiriu identidade própria.
Agora ele está diante do desafio de provar se é ou não um bom técnico de futebol. Advocaat precisa montar o seu "puzzle" defensivo, o dilema dos três "Ws".
Quem fica de fora dos três: Winter, Witschge ou Wouters?
Em princípio, ele ensaia retornar ao time o experiente e dedicado marcador Jan Wouters (6, 33 anos, do PSV Eindhoven).
Quem deverá sair é o surinamês Aron Winter (20, do Lazio, Itália), um jogador rápido, mas menos marcador do que Rob Witschge (5, do Feyenoord).
Mas o jogador designado para pegar Romário no mano-a-mano é o experiente e seu velho amigo do PSV Eindhoven Stan Valckx (18, do Sporting, Portugal).
O ataque com Overmars, Bergkamp e Peter Van Vossen (19, Ajax) também é muito perigoso. A Holanda joga pela ponta-direita e pela ponta-esquerda.
Será um grande teste para a defesa brasileira, que até agora foi pouco requisitada.

Texto Anterior: O BRASIL
Próximo Texto: Defesa holandesa joga com três
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.