São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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França pede ajuda em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A França pediu à ONU ajuda urgente para lidar com a situação de Ruanda. O ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse que cerca de 900 mil ruandeses estão entrando na área de segurança mantida pelos soldados franceses.
Eles fogem do avanço dos rebeldes tutsis da FPR (Frente Patriótica Ruandesa).
Juppé classificou a situação humanitária no país como catastrófica. "A França não pode lutar sozinha", disse ontem.
O primeiro-ministro Edouard Balladur vai falar sobre Ruanda no Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira.
Phillipe Gaillard, que está deixando a chefia da delegação da Cruz Vermelha em Ruanda, disse que a luta entre a maioria hutu e os rebeldes tutsis pode se estender ao Burundi e Zaire, por causa dos refugiados.
Gaillard calcula que 2,5 milhões de pessoas foram deslocadas de seus locais de residência por causa da guerra.
A TV francesa disse que rebeldes avançaram 2 km na zona de segurança mantida pelos franceses.
Um porta-voz do ministério da Defesa da França disse que há alguns rebeldes na área mas que ela não tem limites precisos e não houve, até agora, combates entre rebeldes e franceses.
O enviado da ONU à capital Kigali disse que as conversações entre as forças rebeldes –militarmente vitoriosas depois da tomada da capital e da cidade de Butare, na segunda-feira– e o governo foram frutíferas.
"Houve um apaziguamento na luta que é bem-vindo, embora preferíssemos um cessar-fogo", disse Shaharyar Khan. Ele disse acreditar que se chegará a um cessar-fogo logo.
A rebelde Frente Patriótica Ruandesa quer, antes, garantias de que os acusados de massacre sejam levados à Justiça.
Milícias hutus são acusadas pela morte de mais de 500 mil pessoas, a maioria tutsis, desde 6 de abril quando o assassinato do presidente Juvenal Habyarimana reacendeu os combates da guerra civil iniciada em 1990.
A FPR e partidos de oposição a Habyarimana pediram às tropas francesas no país que provem sua alegada neutralidade desarmando os membros de milícias hutus que, segundo eles, estão refugiados na área de segurança. A França apoiava, inclusive militarmente, o regime de Habyarimana.
Faustin Twagiramungu, hutu escolhido pela FPR para chefiar um governo multirracial em Ruanda, disse que viajará em breve para Kigali para formar seu gabinete. Twagiramungu vive em Bruxelas.

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