São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994 |
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Turtle Island faz apresentação medíocre em Campos do Jordão
LUÍS ANTÔNIO GIRON
O quarteto fez uma apresentação medíocre e deverá repetir a dose nesta terça no Memorial da América Latina em São Paulo. O programa deverá ser o mesmo. Os bolsistas adoraram e, durante as palmas, gritaram como uma torcida de futebol. Só faltou a "ola". O grupo dividiu a cena com a não menos barulhenta Orquestra Jazz Sinfônica. A soma dos barulhos resultou em cacofonia radical. Não foi concerto, e sim show. Os quatro norte-americanos parecem repetentes nas aulas de corda do Conservatório de San Francisco que resolveram partir para o pop para ver se colava. E colou, porque eles gravam discos sem parar e excitam a "geração X", sedenta de "crossover". O Turtle Island não se daria bem nem mesmo no Free Jazz. Para começar, plugam os violinos em amplificadores, o que torna qualquer performance suspeita. Valem-se desse recurso para impressionar os incautos quando se metem a tocar Jimi Hendrix e Dizzy Gillespie. Deveriam trocar violinos por guitarras. Tudo bem se fizessem isso com talento. Mas os quatro só tem pose de estrelas geniais. A técnica que apresentam é limitada. Maquiam a deficiência com arcadas vigorosas e "pizzicati" de efeito. Parecem incapazes de tocar peças realmente difíceis, como as de Beethoven ou Bartók. A menos pior peça da noite, "Interchanges", de um tal Jeff Beal, soou como uma quermesse sinfônica. A orquestra deixava queimar a batata doce enquanto o quarteto se ocupava em pular a fogueira, exibindo gestos virtuosísticos de Paganini –com som de Jorge Mautner. No final do concerto, viola, violinos eviolonceloe pediam socorro. Quem sabe eles consigam escapar na terça. O Memorial é cheio de saídas de emergência. Texto Anterior: 'Aleluia' encerra discurso Próximo Texto: Números, números e mais números Índice |
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