São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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NOTAS

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ

A partir da edição que circula nesta semana, o boletim "Deadline", dedicado a assuntos da mídia, passa a publicar uma avaliação de como está sendo feita a cobertura das campanhas presidenciais nos sete principais jornais e nas duas maiores revistas de informação. O levantamento tem, o próprio boletim reconhece, uma dose razoável de subjetividade. Mas, na tentativa (um desafio lançado pela ombudsman) de fugir das medidas feitas só com a régua, chegou a resultados interessantes.
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Os sete maiores jornais do país publicaram 21.151 centímetros/coluna de reportagens sobre as eleições na primeira semana de julho. Desse total, 40% do espaço foi dedicado a Lula, 27,5% a FHC, 15% ficou para assuntos gerais das eleições, 8% para Quércia, 5,5% para Brizola, 3,5% para Amin e 0,5% para outros candidatos. Dividindo-se esse espaço entre notícias a favor, neutras e contra, o "Deadline" chegou aos seguintes resultados: Lula teve 58% de reportagens desfavoráveis (isso inclui o caso Bisol), mais 28% de notícias neutras e 14% de favoráveis. FHC teve apenas 8,5% de espaço ocupado com notícias desfavoráveis (na semana de lançamento do real), 38,5% de noticiário neutro e 53% de noticiário favorável. Quércia teve 66% de noticiário contra, 32% neutro e apenas 2% favorável.
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Na semana que vem, o "Deadline" vai publicar o balanço feito nas revistas "Veja" e "IstoÉ". O dos jornais inclui Folha, "O Estado de S.Paulo", "O Globo", "Jornal do Brasil", "Zero Hora", "Gazeta Mercantil" e "O Dia".
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Também na semana passada, a revista "Time" publicou uma página de explicações a seus leitores sobre a foto de O.J.Simpson, o ex-jogador de futebol americano acusado de matar a mulher, que foi sua capa na última semana de junho. Tratei disso na coluna de domingo, 26 de junho: a revista alterou a foto com a ajuda de um computador, deixando Simpson mais "malvado" que na foto original. A "Time" também recebeu protestos, porque o ex-jogador aparecia mais negro na foto manipulada que na original, e foi acusada de racismo.
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A revista nega que tenha havido qualquer intenção racista na alteração da foto e, no país do politicamente correto, admite que o cuidado em não incriminar Simpson no texto pode ter sido atropelado pela capa com a foto alterada. "Pelo menos para algumas pessoas, a foto da capa valeu mais do que milhares de palavras", escreveu a "Time". No que equivale a um pedido de desculpas, a revista admite ainda que seu erro foi não ter contado ao leitor, na própria capa, que aquela foto era uma ilustração, e não apenas uma foto. A revista também firma uma posição contra a alteração de fotos jornalísticas.

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