São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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BC acena para queda gradual dos juros

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

As intenções do Banco Central ficaram mais claras depois da reunião do presidente Itamar Franco com ministros, na quarta-feira passada. Elas acenam para correções na política monetária e para a manutenção da atual estratégia cambial.
Pelo flanco monetário, a proposição é de queda gradual das taxas de juros até setembro e de suavização do garrote à liquidez via diminuição dos compulsórios bancários no começo do mês que vem.
Em números redondos, os patamares de repouso das taxas de juros efetivos são os seguintes: 7% este mês de julho, 4% em agosto e 3% em setembro.
São objetivos aquém dos que vêm sendo perseguidos pelo mercado. A hipótese lançada por Pedro Malan, de juro de 7% em julho, implica queda do over.
Se esse juro de 7% for posto em prática a partir de amanhã significará um recuo da taxa-over para 9,57%. É pouco provável que ocorra esta queda abrupta.
Na sexta-feira, o Banco Central indicou o caminho mais factível, ao reduzir a taxa de juros de 11,98% para 11,83%: o da baixa gradual.
Diante das metas de Malan, o mercado financeiro precisou alterar sua expectativa anterior de um custo do dinheiro de 5,5% efetivos em agosto, com reflexos baixistas sobre os juros dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
A intenção de baixa dos juros este mês irá se concretizar se a inflação o permitir. Como expôs francamente Alkimar Moura, diretor de Política Monetária do BC, ninguém sabe o tamanho da inflação de julho.
Os objetivos perseguidos pelo presidente do Banco Central são mais compatíveis com as expectativas para o CDI-over.
O mercado futuro de juros da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuro) estima uma variação efetiva do CDI-over este mês de 7,3%.
Esta variação, já incorpora uma taxa-over de 0,22% para o dia 29 de julho, antecipando a abertura do over no dia 1º de agosto, previsto em 6,60% ao mês nas operações a termo.
O custo do dinheiro cairá em agosto (pelas projeções do Banco Central, para 5,12% over) devido a uma série de fatores: o mês, com 23 dias úteis, tem três dias úteis a mais que julho; a inflação será menor; deve ser reduzido o compulsório de 100% sobre novos depósitos à vista.
Em função dessa expectativa, os juros do capital de giro prefixado deverão declinar todos os dias, pois para a composição de um novo contrato de 30 dias sai um dia de julho, com inflação e juro real maiores, e entra outro dia de agosto, em condições exatamente inversas.
Essa tendência será intensificada sobretudo a partir da semana que vem, segunda quinzena do mês. Até lá, role as necessidades do caixa no curto prazo, mesmo porque o CDI-over já deve começar a cair esta semana.

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