São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994 |
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Documento avalia possível governo Lula
ANTONIO CARLOS SEIDL
Isso é o que antevê o documento "Eleições 1994: Cenários políticos prováveis - Um governo Lula", que será encaminhado a empresários pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a partir de amanhã. Ele foi elaborado pelo cientista político Leôncio Martins Rodrigues, professor da USP e Unicamp, para o Conselho de Orientação Política e Social, um colegiado do Instituto Roberto Simonsen, órgão dirigido pela Fiesp. Leôncio Martins Rodrigues faz suas hipóteses para o cenário político resultante de uma eventual vitória eleitoral de Lula baseado nos "aspectos mais salientes" do amplo programa de governo do PT, que, ressalta, foi o único partido a apresentar até agora um programa submetido democraticamente à discussão com seus militantes por meio de uma convenção. Deixando claro que não está prognosticando nem desejando uma vitória do candidato do PT, Leôncio Martins Rodrigues afirma que o documento é uma análise do que seria o quadro político institucional resultante de uma eventual vitória de Lula. O cientista político destaca os onze pontos (ver quadro nesta página) mais prováveis da primeira fase de um governo Lula. Após diferenciar as consequências que viriam de um "governo Lula" das que viriam de um "governo petista", a análise diz que um governo Lula deve ser mais moderado. Moderação Esse governo moderado surgiria da necessidade de romper um isolamento parlamentar dramático da Presidência da República, levando à formação de alianças. Nessas condições, diz, um governo Lula poderá ser um governo de coalizão com forças de centro-esquerda, "talvez mais experientes e seguramente menos radicais". O documento diz que um governo petista seria mais homogêneo e provavelmente mais à esquerda, com um coeficiente de inexperiência maior. Em sua análise para os empresários da Fiesp, Leôncio Martins Rodrigues afirma que tende a acreditar que o país terá um governo Lula, na hipótese de uma vitória petista, que oscilará entre "um grau pequeno e um grau médio de radicalismo". O documento afirma que isto não significa dizer que será eficiente e que não poderá provocar crises econômicas, sociais e políticas, desencadeadas "talvez mais pela inexperiência e incompetência do que pelo radicalismo". O documento considera que o programa do PT não é "revolucionário", no sentido dos antigos programas dos partidos comunistas, mas é fortemente antiliberal e antimercado. Revela uma mentalidade anticapitalista e, implícita, ou mesmo explícitamente, uma hostilidade à grande empresa, ao grande capital, ao sistema financeiro nacional e internacional, e aos países do Primeiro Mundo –como os EUA. Texto Anterior: Brizola quer ganhar sem fazer campanha Próximo Texto: Setor empresarial deve perder influência Índice |
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