São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Pedro responde às mesmas acusações feitas contra PC

Irmão de Collor é acusado de evasão e sonegação fiscais

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pedro Collor enfrenta uma onda de acusações de crimes semelhante à artilharia que detonou contra o ex-presidente Collor e PC Farias.
O "efeito Orloff" contamina Pedro em plena campanha para deputado estadual em Alagoas, pelo PRP (Partido Republicano Progressista).
Ele é acusado de evasão de divisas, sonegação fiscal, tentativa de extorsão e até de receber dinherio de "fantasmas".
O efeito de que é vítima é uma alusão ao famoso slogan da vodka "Orloff": "Eu sou você amanhã".
O irmão do ex-presidente corre inclusive o risco de ser preso, acusado de sonegação e evasão fiscais.
Em dezembro do ano passado, a Secretaria da Receita Federal enviou para a Procuradoria da República representações com o objetivo de penalizá-lo.
O empresário, que dirige as Organizações Arnon de Mello (grupo de comunicação), sofreu uma devassa da Receita em 93.
O trabalho dos fiscais revelou uma sonegação fiscal que pode chegar, atualizada, aos US$ 5 milhões.
O mais irônico, para Pedro, é que a Receita só chegou a vasculhar a sua vida pelo fato de estar investigando o ex-presidente.
Pedro é sócio do irmão Fernando nas Organizações Arnon de Mello, grupo da família Collor de Mello.
Além da sonegação, a devassa revelou uma conexão com aquilo que o próprio Pedro batizou de "esquema PC".
Foram encontrados cheques –os valores não foram revelados– dos fantasmas utilizados por PC Farias em contas bancárias, abertas por Zenita Almeida, secretária de Pedro.
Outro crime que teria sido cometido por Pedro é o de evasão de divisas. Isso significa transferir dólares para fora do Brasil ilegalmente, sem declarar à Receita Federal.
A Procuradoria da República investiga o envio, por parte de Pedro, de US$ 89 mil para completar o pagamento da compra de um apartamento, em Miami, onde ele se refugiou meses depois de detonar as denúncias contra PC e o irmão.
A documentação de registro do imóvel se encontra em poder dos procuradores, em Brasília. O apartamento custou US$ 280 mil.
Pedro teria pago US$ 191 mil com um empréstimo feito junto ao Empire of Realty Credit Co., e o restante (US$ 89 mil) teria levado do Brasil, tendo cometido o possível crime de evasão de divisas.
Extorsão
O inferno astral de Pedro Collor ainda será ampliado nesta semana com mais um problema.
A Procuradoria do Município de Maceió vai entrar no Ministério Público de Alagoas com uma denúncia de tentativa de extorsão.
A acusação foi feita pelo prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PSB), aliado de Pedro até o início deste ano.
Segundo Lessa, Pedro lhe propôs o seguinte negócio: o pagamento de seis parcelas de US$ 30 mil para falar bem da Prefeitura no jornal "Gazeta de Alagoas", da família Collor de Mello.
O negócio teria sido proposto no dia 8 de abril deste ano. Lessa exibe, em Maceió, um recibo que teria sido enviado por Pedro.
O papel não tem assinatura. Caberá à Justiça resolver o caso.

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