São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Brasil prega fim de sanções contra Cuba

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou ontem, em Havana (Cuba), que o Brasil apóia a reintegração de Cuba ao sistema interamericano.
"Cuba foi talvez o país latino-americano que mais sofreu as consequências da Guerra Fria e achamos que a política a ser adotada em relação a ela não deve ser a de isolamento, mas a da mão estendida", disse ele.
O chanceler brasileiro, que encerrou uma visita de três dias ao país, disse que Fidel Castro agradeceu a Itamar Franco as manifestações de apoio a seu país.
"O Brasil quer substituir a estática da confrontação pela dinâmica do diálogo", disse ele. Amorim criticou o embargo dos Estados Unidos a Cuba.
Ele informou ainda que suas conversações com Fidel Castro incluíram a possibilidade de Cuba assinar o Tratado de Tlatelolco, que visa impedir a proliferação de armas nucleares.
O presidente cubano afirmou que a recusa em assinar o tratado, até agora, era de ordem moral.
Diante da adesão do Brasil e Argentina, no entanto, o quadro havia mudado.
Amorim também considerou muito positiva a informação, dada pelo chanceler cubano Roberto Robaina, sobre um convite ao equatoriano Ayala Lazo, do Alto Comissariado dos Direitos Humanos, para que visite o país.
A medida visa a facilitar a reintegração de Cuba aos organismos multilaterais. O chanceler Robaina visitará o Brasil no final de agosto.
Futebol
Fidel Castro assistiu, anteontem, ao jogo entre Brasil e Holanda na embaixada brasileira em Havana, ao lado de Amorim.
O líder cubano torceu o tempo todo pelo Brasil, levantou-se do sofá e aplaudiu nas três vezes em que a seleção brasileira fez gol.
Fidel afirmou que o futebol brasileiro era um exemplo para a América Latina.
Quando a Holanda fez os dois gols, o líder cubano fechou a cara e acompanhou o jogo com a mesma preocupação dos brasileiros.
FIdel ainda reclamou do juiz Rodrigo Badilla, da Costa Rica, que deixou o segundo tempo se estender por mais de 50 minutos.
Ao apito final, o presidente cubano levantou-se e cumprimentou Amorim. Em seguida, concedeu uma entrevista ao repórter da TV Globo Paulo Henrique Amorim.
Fidel reafirmou sua intenção de assinar o Tratado de Tlatelolco.
Fidel disse na entrevista, em tom de brincadeira, que, se dispusesse de uma linha de crédito, compraria toda a seleção brasileira.
Se a linha de crédito fosse pequena e não desse para comprar todos os jogadores, ele compraria pelo menos o atacante Romário.

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