São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Alcoolismo pode atingir 10% dos PMs

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa atitude inédita, a Polícia Militar de São Paulo resolveu divulgar que está enfrentando em seus quadros um dos maiores problemas do país: o alcoolismo.
Na nota de instrução 03/40, o comandante-geral da PM, José Francisco Profício, escreveu que "existe um significativo número de policiais com alto índice de punições e alterações decorrentes da dependência do álcool".
A partir do documento, Profício deu sinal verde para um programa de recuperação, chamado "Revalorização do Policial Militar".
A PM partiu de um número fornecido pela Organização Mundial de Saúde, segundo o qual 10% da população brasileira é dependente de álcool.
O coronel Hermes Cruz, relações-públicas da PM, considera o número empírico de 10% um exagero. A PM tem 70 mil homens.
Em 1983, a estimativa era de que houvessem na PM cerca de 4.000 alcoólatras.
A PM também encomendou uma auditoria à Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas. Foram ouvidos 600 dos 2.100 policiais que pediram demissão da corporação em 1993.
Perguntados sobre quais sentimentos se associavam ao trabalho, os entrevistados falaram, nessa ordem: "frustração, tensão, desilusão e impotência frente às cobranças feitas pela comunidade".
Os ex-policiais revelaram que, para contornar os baixos salários, acabavam arrumando um segundo emprego. Longe de suas famílias, eram abandonados e, para compensar a situação, bebiam.
Um grupo de 77 homens dependentes do álcool está há três meses em serviço de recuperação nas dependências da Escola de Educação Física da PM, na avenida Cruzeiro do Sul (zona central de São Paulo).
Os policiais têm aulas de defesa pessoal, religião, educação física, psicologia e psicoterapia grupal.
Os que quase se livraram do vício são levados a fazer patrulhamento na cidade, sobretudo em praças esportivas, mas sem portar suas armas. "Mas são acompanhados de longe por um grupo de policiais armados, como suporte", afirma o capitão Paulino Issao.
No final do curso, recebem um diploma atestando que conseguiram passar por toda a etapa de recuperação.

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