São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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EUA fazem o sucesso do The Cranberries

MARCEL PLASSE
DA REPORTAGEM LOCAL

The Cranberries ainda não acredita no sonho americano. "Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We?", álbum de estréia do grupo irlandês que chega esta semana às lojas no Brasil, virou disco de platina nos EUA, enquanto o Reino Unido ainda dormia.
O baterista Feargal Lawlor, 23, diz que precisa ser beliscado para perceber que o sucesso é real. "Foi uma surpresa", confessa à Folha, por telefone, de Dublin.
A imprensa americana já está chamando The Cranberries de segunda maior banda irlandesa –atrás do U2. "Ouvimos isso e achamos encorajador", diz.
A ironia é que o sucesso de The Cranberries jogou areia na festa do grupo londrino Suede, que o "hype" inglês queria transformar em sensação do ano.
"Suede é uma grande banda", diz Lawlor, "mas tem um humor muito inglês. Não acho que os americanos os entenderiam."
Sua teoria para a aceitação do Cranberries: "Não somos ingleses". Ele também acha que a "honestidade" é razão do sucesso. Honesta, ao menos no título do álbum, a banda realmente é.
Faz o que quase todas as bandas britânicas fazem: música lenta, triste, com um toque etéreo. Soa como The Sundays, que soa como Cocteau Twins.
O novo LP, "No Need Argue", sai em setembro, após a apresentação da banda em Woodstock.
"A diferença", diz Lawlor, "é que antes não sentíamos pressão, porque ninguém esperava nada da gente. Agora, será mais difícil."
Mas pode facilitar as coisas em casa. Apesar de ter vendido mais de um milhão de cópias nos EUA, o LP de estréia só chegou ao primeiro lugar da parada britânica este mês.
The Cranberries acabou repetindo o fenômeno do grupo Radiohead, que, santo de casa, precisou do aval americano para ser considerado no Reino Unido.
"Agora que fizemos sucesso nos EUA, o novo disco deve entrar mais cedo na parada."
Lawlor tem uma teoria sobre a demora do Reino em se curvar. "Aqui, há várias publicações que controlam muito o gosto das pessoas, como uma ditadura. Na América, há mais liberdade para músicas boas se destacarem."
Pode ser, mas o estouro nos EUA teve grande força da MTV, que passou o vídeo da música "Linger" sem parar.
"Não queremos ficar restritos à cena 'college' americana", ele diz, sobre a penetração na mídia.
(MP)

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