São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 1994
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Geada acelera renovação do café no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Antecipada nos prognósticos da meteorologia, as geadas deste inverno no Paraná serviram para acelerar um processo de inovação tecnológica na cultura cafeeira.
Pesquisadores e produtores acreditam que o choque térmico das geadas motiva o avanço das culturas adensadas, com mais plantas por hectare.
No plantio adensado, o mínimo de plantas por hectare é de 10 mil. O plantio tradicional de café não suporta mais que 2.500 plantas/ha.
Líder do programa de pesquisa de café do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), o fitotecnista Armando Androcioli afirma que as geadas deste ano irão permitir uma aceleração no processo de transformação tecnológica.
Segundo Androcioli, em 1993 o parque cafeeiro do Paraná iniciou um processo de renovação jamais visto.
A média de renovação dos cafeeiros paranaenses foi entre 4% e 5%, de acordo com a região. Estes números, segundo ele, serão mais expressivos após as geadas de julho último.
Comparado com a Colômbia, o Brasil ainda deixa a desejar em termos de renovação cafeeira.
Iniciou-se naquele país, a partir de 1970, um processo de renovação de 3% ao ano das lavouras.
Hoje a Colômbia tem mais de 60% de seu parque cafeeiro renovado, com a expectativa de produzir 15 milhões de sacas de café beneficiado para exportação este ano.
Androcioli acredita que as geadas deste ano irão motivar, além do plantio adensado, a renovação de lavouras velhas (mais de 16 anos) em todos os 195 mil hectares de café do Paraná.
O otimismo de Androcioli é compartilhado pelo produtor José Barizon, dono de 22 alqueires (53,24 hectares) de café no distrito de São Luís, em Londrina (PR).
Barizon teve praticamente toda sua lavoura dizimada pela geada do dia 26 de junho, mas decidiu renovar seu cafezal.
Ele conseguiu, pelo sistema de "enterrio", salvar 13 mil pés de café plantados em março e agora está otimista (veja texto ao lado).
"Vou colher menos este ano e quase nada em 95, mas em 96 tiro o pé do lodo porque o café ainda é um bom negócio para quem se especializa", afirma.

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