São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 1994
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Governo criará TR para aplicações longas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai criar uma taxa de juros de referência para empréstimos e aplicações de longo prazo, semelhante à TR (Taxa Referencial).
Segundo o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Pérsio Arida, a equipe econômica estuda a adoção de um modelo semelhante ao utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Nestes países, existe uma taxa básica de juros –Libor, na Inglaterra, e prime rate nos EUA– fixada diariamente com índices diferenciados, de acordo com o prazo das operações.
No Brasil, a taxa básica é a TR –que vale para transações mensais. Em prazos mais longos, se utiliza uma acumulação das TRs. "Isso não deve mais continuar", disse Arida.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, disse ontem que o próprio mercado financeiro tem expectativas de queda nos juros –tanto nas taxas nominais (totais) como nas reais (descontada a inflação).
Malan, Arida e o presidente do Banco do Brasil, Alcir Calliari, estiveram ontem na Comissão que analisa a MP (medida provisória) do real, para discutir os efeitos da nova moeda sobre o sistema financeiro.
Arida disse que o BNDES será o banco "pioneiro" no alongamento do prazo de suas transações. Serão lançadas linhas de crédito voltadas para o financiamento do setor exportador. Essas linhas serão financiadas por títulos de longo prazo que o governo lançará em breve, segundo Arida.
A equipe econômica também previu o encarecimento dos serviços bancários, dentro da reorganização do sistema financeiro. Os bancos compensarão com tarifas o fim do lucro que tinham com a inflação.
O presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Alcides Tápias, disse que deverá ser aumentada a incidência de imposto sobre as aplicações de curto prazo, como é o caso do fundão.
Hoje, os saques do fundão são taxados sempre que feitos antes do prazo de 16 dias úteis da aplicação. Segundo Tápias, esse prazo deverá ser estendido para 30 dias.
Tápias defendeu mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que incide sobre o fundão, e no IR (Imposto de Renda), cobrado sobre o juro real das demais aplicações (com exceção da poupança).

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