São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Aliados do PT pressionam por saída

DO ENVIADO ESPECIAL A PETROLINA E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divulgação de irregularidades cometidas pelo senador José Paulo Bisol (PSB-RS) provocou uma crise na frente partidária que apóia a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
As críticas mais contundentes partiram do presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (PE).
Além do partido de Freire, PV e PSTU defendem a retirada de Bisol da chapa encabeçada por Lula.
Além desses partidos, participam da frente que apóia o petista o PSB e o PC do B.
Ontem, Roberto Freire foi a Petrolina (PE) encontrar-se com Lula e o presidente do PSB, deputado Miguel Arraes (PE), para discutir a renúncia de Bisol.
Em entrevista coletiva, Freire pediu que Bisol renunciasse. "O que ele está esperando para sair?", disse Freire.
Para ele, Bisol não agiu de maneira correta ao transferir para Lula a decisão sobre sua renúncia. Isso aconteceu quando surgiram as primeiras denúncias contra ele.
"Lula não tem de resolver essa situação. Bisol tem que se explicar pessoalmente, e não como candidato a vice-presidente", disse Freire, que teme prejuízos eleitorais para Lula com a repercussão do caso.
Ele quer que Lula se manifeste publicamente sobre o caso o mais rápido possível. O candidato do PT tem evitado falar do assunto alegando que os dias em viagem pelo rio São Francisco o deixaram desinformado.
Com a saída de Bisol, Freire acha que o PT mantém a imagem "udenista" (moralista) que teria permitido seu crescimento.
A permanência seria uma contradição porque Bisol agiu como um promotor nas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do Collorgate e do Orçamento.
"Ele agiu como um promotor e fez muita gente se explicar. Agora foi flagrado na mesma situação. Eu não quero dizer que tenha as mãos sujas, mas o que caracteriza nossa frente são as mãos limpas", afirmou o presidente do PPS.
O PV chegou a apresentar um nome para substituir Bisol: o do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "Bisol deve entregar logo a renúncia a Lula", defendeu o deputado Sidney de Miguel (PV-RJ).
Também o PSTU, surgido de uma ala "xiita" (radical) expulsa do PT –a Convergência Socialista–, não admite mais a presença de Bisol como vice.'
"Nossa proposta é a renúncia, porque não podemos deixar de discutir o programa de governo para ficar respondendo a denúncias", disse o deputado Ernesto Gradella (PSTU-SP).

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