São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Técnica brasileira deve prevalecer hoje

ALBERTO HELENA JR.
EM LOS ANGELES

E mais uma vez a Suécia, com uma possibilidade acenando para o seguinte desfecho: Suécia, nas semifinais, Itália na decisão. A soma de 58 com 70, o primeiro e o último caneco que levantamos. Aí estão o 13 da devoção de Zagalo e o 7 cabalístico de Parreira. Não desfaço dessas crendices em se tratando de futebol. Mesmo porque chegarmos até aqui foi um sortilégio.
Mas também foi coisa pensada, arquitetada. O sortilégio vai por conta das combinações dos astros que palmilharam nosso caminho com adversários convenientes, nenhum bicho-papão, nem mesmo a Holanda, tampouco a Suécia de hoje, que pegamos na primeira fase.
Acrescente-se o fato de que jogamos um futebol burocrático, opaco, o tempo todo, com exceção dos quinze ou vinte minutos do segundo tempo contra a Holanda, até fazermos 2 a 0. Já o pensado, arquitetado pelo técnico e adotado pelos jogadores foi a estratégia de encarar todos os adversários como traiçoeiros inimigos, aos quais não se deve dar um milímetro de espaço para crescer.
Por isso, estou tranquilo diante do jogo de hoje. Embora tenhamos feito nossa partida mais cinzenta na Copa contra a Suécia, empatamos em 1 a 1, sem grandes sustos. É verdade que ambos estavam classificados naquela altura. Isso deve ter arrefecido o ímpeto de vitória das equipes. Hoje, a história é outra: quem perder, dança. E um terá de perder, nem que seja nos pênaltis.
Talvez, isso nos beneficie. Afinal, a Suécia terá de sair um pouco mais para o ataque, ainda que, cá entre nós, eu duvide. Eles são aplicadíssimos na marcação e frios. Esperam, como nós, com paciência, a hora do bote. E o pior: são os únicos que restaram, nesta Copa, quase impecáveis no jogo aéreo (o outro time era a Irlanda), nossa maior deficiência na defesa.
Mesmo assim, estou confiante. Afinal, haverá de prevalecer a técnica mais apurada do jogador brasileiro, mesmo que, nesta seleção, ela esteja relegada a um plano inferior.
Por fim, sempre haverá a perspectiva de Parreira, num gesto tresloucado, lançar mão, ainda que no desespero, de um Cafu, um Muller, um Viola, um Ronaldo da vida, que divida com Romário e Bebeto a tarefa de nos enviar para a final. Quem sabe?

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