São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Pasadena sonha com a "invasão" brasileira

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

Pasadena sonha com a 'invasão' brasileira
Cidade que vai sediar a final da Copa do Mundo dará prêmios para quem melhor narrar os gols nos dias dos jogos
Los Angeles pode até levar a fama, mas a semifinal e a final da Copa do Mundo não serão jogadas na capital do cinema.
Os dois jogos serão disputados no estádio Rose Bowl, em Pasadena, uma simpática cidade de pouco mais de 100 mil habitantes –15 km ao norte de Los Angeles.
Há dois dias, Pasadena (pronuncia-se Passadína) só tem um assunto: a anunciada invasão da cidade por torcedores brasileiros.
Pasadena está toda decorada para a partida de hoje com bandeirinhas do Brasil e da Suécia (minoria) nas ruas.
Os bares colocaram cartazes convidando os torcedores sem ingresso a assistirem a partida em seus telões.
As principais lojas contrataram funcionários especialmente para a ocasião. Apenas um requisito foi exigido: falar espanhol.
O jornal "Pasadena Star News" traz em sua edição de ontem uma reportagem na primeira página com o seguinte título: "Invasão brasileira deve passar por Pasadena como uma tempestade".
A reportagem mostra o efeito "espetacular" da passagem da torcida brasileira por Los Gatos, na primeira fase da Copa.
Giovanni Dagidiu, dono do bar Wise Guys, promove hoje o concurso "Grite o Gol Mais Alto". O vencedor, a ser escolhido pela audiência, leva US$ 100.
No sábado, após a disputa do 3º lugar, também no Rose Bowl, Dagidiu faz nova etapa do concurso.
Domingo, após a partida final, o Wise Guys promove a sua final particular. Quem narrar o melhor gol leva um troféu "idêntico à Copa do Mundo", segundo promessa de Dagidiu.
O restaurante Charlie's Trio também está pronto para os brasileiros. O restaurante montou um painel gigantesco, que forma um "L" nas paredes, reproduzindo uma torcida de futebol. "Em dias de jogos, os negócios são ótimos", diz o dono Steve Fata.
Os donos de lojas, como ocorreu em Los Gatos, estão menos animados que os donos dos bares.
"Ainda não vi os 40 mil brasileiros que falaram que vão nos invadir", diz Saul Henson, 23, dono da loja Tournament Souvenirs, de bugigangas relacionadas à Copa.
Bem-humorado, Hensen passa o dia assistindo um vídeo com os melhores momentos da Copa de 1982, no qual aparecem com insistência as imagens do jogo em que a Itália eliminou o Brasil por 3 a 2.
"Sei que os brasileiros não vão comprar nada na loja se eu passar esse vídeo, mas eu sofro tanto quanto eles quando vejo isso. O Brasil deveria ter ganho aquela Copa", diz Henson.
Outro vendedor de bugigangas, Ehsan Shafa, conta que abriu quatro lojas (três em Pasadena e uma em Hollywood) especialmente para a Copa do Mundo. "Os brasileiros vão chegar. Tenho grande esperança", diz.
Os moradores de Pasadena também aguardam com ansiedade a chegada dos brasileiros.
Eles acham que assistiram um "trailer" do que será a festa três semanas atrás, quando os colombianos passaram por Pasadena, na primeira fase do Mundial.
"É divertido ver tanta gente diferente. Eu gosto, mesmo não entendendo nada do que eles dizem", diz a estudante Victoria Delrico.
"Os colombianos são loucos, engraçados. Rimos muito com eles. Acho que os brasileiros devem ser ainda mais divertidos", acrescenta Veronica Delrico.
Os ônibus de Pasadena valem uma visita: todos pintados, cada um de uma forma, sem nenhum padrão, eles divertem a cidade enquanto os brasileiros não chegam.

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