São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Selo independente é acusado de pirataria

MARCEL PLASSE
DA REPORTAGEM LOCAL

A gravadora independente Paradoxx, de posse de contratos legítimos, foi acusada de pirataria e teve seus discos apreendidos por denúnica da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos).
"Tudo o que a gente lançou até hoje tem contrato", garante Filippo Croso, 28, gerente do departamento internacional da gravadora paulistana.
No dia 5 de julho, CDs da gravadora independente foram apreendidos nos grandes atacados da região central de São Paulo, numa operação policial.
Manuel Camero, 59, presidente da ABPD, diz que a associação recorreu ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para esclarecer problemas de falta de autorização para o lançamento de músicas pela Paradoxx.
"O termo pirataria pode ter sido usado", admite Camero. A ABPD, que representa as grandes gravadoras do país, agiu após uma queixa da Polygram.
Segundo o departamento de imprensa da multinacional, a Paradoxx lançou duas músicas cujos direitos de lançamento no Brasil eram exclusividade da Polygram.
As músicas "Piece of My Heart", do grupo Intermission, e "Get-A-Way", do The Maxx, foram lançadas numa coletânea de dance music da Paradoxx.
A gravadora independente possui contratos legítimos de lançamento não-exclusivo das músicas, firmados junto ao selo original dos grupos, o Intercord, da Alemanha.
A Polygram adquiriu os mesmos direitos junto à empresa holandesa ToCo International, que licencia músicas de gravadoras européias e as repassa para o resto do mundo. No Brasil, as faixas da ToCo são exclusividade da Polygram.
"A pessoa que representa a ABPD em São Paulo, Olavo Bianco, não anexou nenhuma prova na denúncia", diz Croso. "Foi uma precipitação. Um caso do grande querer comer o pequeno."
Na segunda-feira, dia 11, a ABPD, por meio de seu presidente, admitiu que a Paradoxx possui direitos de utilização das faixas reinvindicadas pela Polygram.
"Não houve intenção de dolo da Paradoxx, de prejudicar a gravadora", diz Manuel Camero. "Não temos mais nada a reclamar."
Croso lamenta: "Deviam ter entrado em contato conosco antes de tomarem essa atitude precipitada". Os discos da Paradoxx trazem o telefone e o endereço da empresa.
"O ideal seria que fossem procurados para dar explicações", diz Camero. "Mas isso não obsta o direito de se fazer o que foi feito."
Segundo Croso, a ação foi realizada em má fé. "Fizeram todo esse escândalo para quebrar a gente", acredita.
"Sabemos que estamos incomodando as grandes gravadoras", diz Croso. "Por isso, nos expuseram ao público desse jeito."
Para Croso, a Paradoxx atinge o mercado das grandes gravadoras porque trabalha de maneira mais ágil que elas no setor de dance music –lança uma média de seis discos por mês.
Um dos produtos mais vendidos no gênero, a coletânea que leva o nome da discoteca Toco (nenhuma relação com o selo holandês), até o ano passado licenciada junto à Polygram, teve seu quarto volume lançado pela Paradoxx.
Segundo Croso, a mudança de gravadora se deu justamente pela rapidez com que a Paradoxx assina contratos de representação dos hits de dance internacional.

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