São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça garante investigação sobre crime organizado no Espírito Santo

SUSI AISSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma decisão judicial pode garantir a conclusão do inquérito que apura há dois anos o crime organizado no Espírito Santo. O inquérito investiga a participação de policiais civis e militares em crimes.
No inquérito, estão sendo investigados os assassinatos dos meninos de rua Jean Alves da Cunha, 12, Benedito Lima, 13, e Wallace Ribeiro, 15, ocorridos em 92. Ao todo, foram indiciados 18 PMs.
Jean foi morto após participar de uma assembléia do Movimento dos Meninos de Rua do Espírito Santo, quando havia sido escolhido para representar a entidade num encontro em Brasília.
O juiz Samuel Meira Brasil Jr., do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, concedeu em junho liminar a uma ação do Movimento Nacional dos Direitos Humanos que pedia a continuidade do inquérito.
A liminar, ainda não cumprida pelo governo do Espírito Santo, determina que o delegado responsável pelo caso, Francisco Badenes, seja reconduzido ao cargo. Em maio último, Badenes foi afastado e transferido para o interior.
O juiz determina ainda o restabelecimento dos meios necessários ao funcionamento da Comissão de Processos Administrativos Especiais, responsável pelo inquérito.
A comissão apurou que todos os suspeitos dos crimes eram sócios da Scuderie Detetive Le Cocq, uma associação com características de entidade parapolicial.
Em busca realizada em outubro de 93 na sede da entidade, foram apreendidos coletes semelhantes aos de policiais com o emblema de uma caveira, armas, documentos, disquetes, fichários e livros.
Nos livros estão registradas operações de busca e apreensão de objetos em carros e casas –ações típicas da polícia–, além de escalas com nomes de policiais indicados para trabalhar em clubes.
As investigações revelaram que empresários e comerciantes se filiaram à Scuderie em busca de proteção contra roubos ou furtos.
As fichas revelam que a entidade tem cerca de 900 sócios.
São 90 policiais civis, 91 policiais militares, 33 advogados, 21 delegados, 1 juiz, 1 promotor, fiscais da Fazenda estadual, comerciantes e deputados estaduais.
Para o promotor Luiz Renato Azevedo da Silveira, que integra a comissão, "a Scuderie está voltada para a execução e para o acobertamento e proteção de crimes".
A Procuradoria Geral da República vai reforçar pedidos feitos à Polícia Federal e ao governo do Espírito Santo de informações sobre a violência no Estado.

Texto Anterior: Recuperação de Mussum após o transplante é boa, afirma médico
Próximo Texto: Portugal adia julgamento de duas dentistas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.