São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 1994
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Interpol reabre caso Abílio Diniz

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Interpol do Canadá e do México reabriu semana passada as investigações sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz –ocorrido em São Paulo, em dezembro de 1989.
A retomada do caso se deve à libertação, em 30 de junho, do banqueiro mexicano Alfredo Harp Helú, 50, um dos proprietários do grupo Banamex, a principal instituição financeira do México.
Harp Helú ficou 106 dias em cativeiro e sua família pagou US$ 30 milhões pela sua libertação.
Norman Insker, canadense que preside a Interpol, suspeita que Harp Helú tenha sido sequestrado pelo mesmo grupo de Abílio Diniz. Além do banqueiro Helú, outro empresário mexicano foi sequestrado na semana passada: Antônio Losada, proprietário da rede de supermercados "Gigante".
Os nomes de Losada e Helú constavam de dossiê de 200 sequestráveis, elaborado pelos sequestradores de Diniz, e achado num bunker –que explodiu acidentalmente em 23 de maio passado, em Manágua (Nicarágua).
Além de armas, o bunker tinha passaportes de dois sequestradores de Diniz, os canadenses Christine Lamont e David Spencer.
"A Interpol do México havia sido informada, há seis meses, que todas as pessoas cujos nomes constavam nesse dossiê poderiam ser sequestradas a qualquer momento", diz Romeu Tuma Jr., assessor da Interpol brasileira.
Tuma diz que o "comando" do grupo que sequestrou Diniz "não foi preso e ainda continua atuando no mundo".
Segundo o delegado, as investigações são conduzidas sobre três países: Brasil, Equador e México.
"Eles se concentram nesses países e tudo deve continuar enquanto o basco que liderava o grupo, Miguel Larios, ainda não for preso."
No dossiê obtido pela Folha, constam os nomes de empresários que, como Diniz, já foram sequestrados.
Na página 2.064, por exemplo, está circulado a caneta o nome da empresa argentina Loma Negra, que ocupa o 444º lugar no ranking das maiores companhias da América Latina.
Bernardo Minesky, proprietário da Loma Negra, foi sequestrado em 76. Humberto Paz, conhecido como Juan Carlos, líder dos sequestradores de Diniz, foi preso acusado de sequestrar Minesky.
O advogado de Juan, Marco Antonio Nahum, foi procurado ontem pela Folha. Sua secretária informou que ele não havia ido trabalhar e que iria se manifestar hoje sobre o assunto.
Assim como Diniz e Minesky, Helú era mantido num compartimento de dois metros quadrados e recebia ordens por meio de comandos de luzes vermelhas e verdes.

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