São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Junior Vasquez detona o hip hop e aposta na volta da house

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NY

Junior Vasquez é um dos DJs mais importantes da cena club de Nova York. Há cinco anos comanda as noites do Sound Factory, o principal clube after-hours da cidade, que só começa a ferver depois das cinco da manhã.
Seu estilo é pesado e se aproxima do hardcore dançante, o que ajudou a transformar a sua música "X", num dos maiores hits das pistas de dança nova-iorquinas. Ele recebeu a Folha na sua casa para uma entrevista exclusiva.

Folha - Como você começou a trabalhar como DJ?
Junior Vasquez - No início dos anos 80 eu trabalhava na Kiss FM, que era a estação de rádio mais moderna da época. Comecei a tocar em clubes e a fazer festas de amigos. Há cinco anos entrei para a Sound Factory, onde estou até hoje e não tenho planos de sair.
Folha - Você acompanha a cena dance de Nova York?
Vasquez - Eu não presto muita atenção, porque eu não frequento nenhum clube além do Sound Factory. Mas acho que a influência do hip hop está presente demais. Isto acontece por causa das rádios; enquanto não resolverem se aproximar mais da música dos clubes, vai continuar indefinido.
Folha - Como você mantém sua originalidade depois de tantos anos no mesmo clube?
Vasquez - Eu tento me renovar. Quando fico entediado com alguma tendência, vou atrás de coisas novas. Procuro sempre ter novidades para tocar e misturar com as coisas que estou tocando.
Folha - O Sound Factory tem um público predominantemente gay. Como você vê a relação do público com o clube?
Vasquez - Eu acho que o Sound Factory faz parte da cultura gay de Nova York, com a melhor noite de sábado na cidade. É um público que gosta de dançar. Como não há venda de bebidas alcoólicas, as pessoas vão realmente para dançar e conhecer gente. Eu sinto que nós temos que dar alguma coisa de volta ao público, e acho que fazemos isso através da música.
Folha - Como está seu trabalho como produtor?
Vasquez - Bem, trabalhar como produtor é uma consequência natural do trabalho como DJ. Tenho um estúdio em casa, então trabalho sempre. Produzo minhas músicas, trilhas para filmes e remixes para outros artistas. No momento, acabei de trabalhar com Ce Ce Penniston e estou produzindo faixas para o novo disco de Cindy Lauper. Gosto de trabalhar com vocais femininos.
Folha - Qual a influência do seu último remix foi para o The BC-52's, (ex-B-52) com o tema do filme "The Flintstones"?
Vasquez - Eu quis fazer uma coisa com o "feeling" do Sound Factory. O BC-52 tem um tipo de música específico, mas que pode ser adaptado para as pistas com facilidade. Procurei chegar a um arranjo eletrônico, que funcionasse nas pistas de uma maneira alegre.
Folha - O que vai acontecer com a dance music agora?
Vasquez - Bem, eu acho que teremos músicas com mais variações de humor e climas. Toda essa influência rítmica que estamos tendo, com percussionistas ao vivo, vai nos levar para um outro tipo de temperamento na música, mais quente. Acho que os vocais vão estar cada vez mais presentes e que tudo vai ser influenciado pela house music.

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