São Paulo, sábado, 16 de julho de 1994
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A escultora brasileira Felícia Leirner completa 90 anos hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

A escultora Felícia Leirner, uma das artistas brasileiras com mais obras em museus internacionais importantes (como a Tate Gallery, de Londres, Inglaterra), completa hoje 90 anos.
Polonesa de nascimento, Felícia Leirner chegou ao Brasil em 1927, com o marido Isai Leirner. Seu nome foi importante no cenário artístico brasileiro dos anos 50, quando o abstracionismo ganhou terreno.
Em 1953, na 2ª Bienal de Arte de São Paulo, recebeu o primeiro prêmio em escultura. Duas bienais depois, no entanto, foi recusada e integrou a exposição "12 Artistas Brasileiros", ao lado de Flávio de Carvalho e outros rejeitados.
"12 Artistas Brasileiros" foi realizada na sede da Folha, em 1957, e resultou na inauguração de uma galeria no jornal, em 1958, que ficou a cargo de Isai Leirner.
"Dessa época em que eu expunha na Folha é que me lembro com mais saudades", disse ontem Felícia Leirner, por telefone. "Foram os anos de maior efervescência de toda a minha vida."
Felícia Leirner conta que começou como escultora figurativa, sob a influência de Victor Brecheret, e depois se tornou abstrata. "Entramos num rabo de cometa nos anos 50", disse a artista.
Sua primeira fase abstrata foi de esculturas com um grafismo que alguns críticos aproximam do expressionismo abstrato, movimento que nos anos 50 tomou conta da arte americana.
Depois, sua escultura passou a utilizar elementos e referências da natureza. Algumas obras dessa fase ocupam o jardim dedicado a Felícia Leirner ao lado do auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão.
O crítico Frederico Morais escreveu um livro sobre a obra de Felícia Leirner, "A Arte como Missão". A escultora diz que o título exprime sua postura e que, hoje, a sensação que ela tem é de satisfação. "É bom saber que não trabalhei à toa", diz.
Isai Leirner, dono da indústria têxtil Tricolã, foi um dos diretores do Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado por Ciccilo Matarazzo, e era colecionador. Morreu em 1962.
O Prêmio Leirner de Arte Contemporânea –prêmio que criou quando dirigia a galeria da Folha– foi importante no incentivo aos jovens artistas da época. As obras premiadas eram doadas a museus.
Isai e Felícia tiveram três filhos, dois dos quais artistas plásticos, Giselda e Nelson Leirner. A crítica de arte Sheila Leirner é sua neta.

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